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MX-30: guiámos o SUV eléctrico da Mazda que tem cortiça portuguesa

13:34 - 10-09-2020
 
MX-30: guiámos o SUV eléctrico da Mazda que tem cortiça portuguesa

No ano em que celebra o seu centenário, a Mazda continua a reinventar-se e acaba de lançar em Portugal o seu primeiro automóvel totalmente eléctrico. Nós já o conduzimos e contamos-lhe tudo o que precisa de saber sobre este modelo, que conta com apontamentos interiores em cortiça portuguesa. Mas já lá vamos...

Tudo começa no nome

A essência deste SUV eléctrico está directamente relacionada com o nome, que usa a sigla MX, quase sempre associada ao Mazda MX-5, o roadster mais vendido do mundo. Contudo, ela já foi utilizada em mais de uma dezena de automóveis da marca japonesa, uns de produção e outros meros protótipos, e traduz inovação e irreverência.

Foi assim em 1989, quando a marca do país do sol nascente apresentou o MX-5, e é assim agora, com o lançamento do MX-30, um SUV eléctrico de imagem arrojada e com um interior amigo do ambiente.

Inspirado na linguagem de estilo KODO, o MX-30 respeita a imagem dos restantes modelos da marca, muito homogénea e cheia de identidade, mas apresenta uma interpretação ainda mais expressiva desta filosofia.

O exterior é simples mas impactante, e a assinatura luminosa é agressiva e a grelha dianteira musculada. De perfil, destacam-se as portas Freestyle, inspiradas no icónico Mazda RX-8, e a enorme superfície de vidro sem qualquer pilar fixo ao centro. Estes detalhes sugerem uma sensação de amplitude no interior e foi precisamente esse o ponto de partida da Mazda.

Interior amigo do ambiente

O conceito "Pure Empty Space" está na base do habitáculo do MX-30 e isso é visível, sobretudo, com as portas abertas, criando um espaço amplo, e com um banco traseiro corrido, tal como um sofá. Tudo isto é acentuado pelo tejadilho panorâmico, que aumnta ainda mais a sensação de espaço.

Mas porque estamos perante um eléctrico, a Mazda quis ir mais além e criou um habitáculo amigo do ambiente. Os painéis das portas, por exemplo, utilizam fibras obtidas a partir de garrafas de plástico recicladas, ao passo que o revestimento dos bancos, apesar de parecer em couro genuíno, é uma alternativa não animal.

Também a cortiça que encontramos na consola central e nas pegas das portas - de origem portuguesa - foi colhida da casca das árvores, não apresentando qualquer impacto no ambiente. Este material foi escolhido para realçar a sua textura e o seu calor visual, mas está directamente relacionado com as origens da marca, fundada em 1920 como Toyo Cork Kogyo Corporation.

Pela primeira vez um Mazda conta com um painel digital para os comandos do ar condicionado, através de um ecrã táctil de 7 polegadas montado na consola central inferior. No ecrã superior, que serve de terminal para os sistemas de navegação e multimédia, contamos de série com os sistemas Apple CarPlay e Android Auto.

Dos materiais à funcionalidade, passando pelo espaço disponível, tudo foi pensado para que o habitáculo do MX-30 traduza tranquilidade. E não foram precisos muitos quilómetros para o sentirmos.

e-Skyactiv: o próximo capítulo

O MX-30 introduz na Mazda uma nova tecnologia de propulsão eléctrica denominada e-Skyactiv, que assenta num motor eléctrico com uma potência máxima de 145 cv e um binário máximo de 270 Nm, enviados em exclusivo às rodas traseiras.

Capaz de acelerar dos 0 aos 100 km/h em 9,7 segundos, o MX-30 oferece uma autonomia de 200 quilómetros (265 km em cidade), fruto de uma bateria de iões de lítio de 35,5 kWh. 

O feedback auditivo relativo ao desenvolvimento do binário da unidade de potência é fornecido através do sistema de áudio, ajudando o condutor a controlar, com maior precisão (ainda que de forma inconsciente), a velocidade do veículo.

Quanto tempo demora a carregar?

O sistema e-Skyactiv pode ser carregado com recurso a potência AC até aos 6,6 kW, ou em modo de carregamento rápido em modo DC. O modelo suporta 125 A de carga DC quer com o CHAdeMO ou o COMBO de série. As baterias do MX-30 podem ser carregadas de 20% a 80% em 3 horas, com potência AC, ou em 36 minutos em potência DC. Numa tomada caseira são necessárias 8 horas para carregar a totalidade da capacidade da bateria.

Sensações ao volante e primeiras impressões

O maior elogio que posso fazer a este eléctrico é que olho para ele como um automóvel a que mesmo os "petrolheads" eram capazes de se habituar rapidamente. É muito interessante de conduzir, graças ao baixo peso (quando comparado com alguns rivais), fixado pouco acima dos 1.600 quilos, e à afinação da suspensão.

A direcção é muito precisa e tem o peso correcto, tal como o pedal do travão, que faz com que a travagem seja sempre muito natural. Quanto à suspensão, não se deixa afectar pelo peso das baterias e oferece-nos sensações muito positivas. Mesmo em curva, a velocidades mais elevadas, quase não sentimos rolamento da carroçaria ou as transições de massas.

Não espere um velocista, no mercado há concorrentes bem mais rápidos a acelerar. Mas este MX-30 compensa pelo conforto e, acima de tudo, pela dinâmica muito apurada, tal como a Mazda já nos habituou.

Quanto à autonomia, fixada nos 200 quilómetros (WLTP), pode facilmente parecer curta. Porém, a Mazda seguiu uma abordagem algo diferente dos rivais mais directos. A fabricante nipónica acredita que as baterias são "sujas" de produzir, o que não combina com a principal premissa dos eléctricos: reduzir as emissões de CO2. Além disso, são pesadas e acabam por afectar, muitas vezes, o comportamento dos automóveis. Isto já para não falar do preço, já que quanto maiores são as baterias mais o automóvel eléctrico vai custar.

Pesadas todas estas questões, a Mazda optou por uma bateria de apenas 35.5 kWh que afirma ser mais do que suficiente para a maioria dos clientes europeus, que conduz, em média 48 quilómetros diários. Assim, em teoria, os 200 quilómetros de autonomia chegariam para quatro dias semanais.

Segurança para todos

Equipado com os sistemas de segurança e auxílio à condução mais recentes da Mazda, este MX-30 conta com um sistema de travagem de emergência capaz de detectar trânsito na perpendicular, um sistema de detector do ângulo morto capaz de intervir na direcção e um sistema de auxílio à permanência em faixa que consegue manter o carro alinhado na faixa mesmo em estradas onde a marcação não está visível.

Conclusões: vale a pena?

Apesar da condução muito divertida e dos níveis de conforto assinaláveis, o maior trunfo deste Mazda MX-30 é a imagem. A marca japonesa soube manter a identidade que caracteriza os restantes elementos da gama, mas ainda assim surgir com uma proposta diferenciada e que vira cabeças no trânsito.

A somar a tudo isto, as portas Freestyle são outro chamariz poderoso, ao mesmo tempo que criam uma sensação de "lounge" no interior. E por falar em interior, mais um grande trunfo deste SUV eléctrico. É espaçoso, muito harmonioso e está recheado de tecnologia.

É, sem dúvida, um automóvel a considerar para quem procura um eléctrico, até porque a Mazda conseguiu preços muito interessantes para o nosso mercado, sobretudo para empresas.

Quanto custa?

Disponível nas versões Excellence e First Edition, o Mazda MX-30 tem preços a começar nos 34.540 euros. Contudo, a Mazda Portugal está a oferecer o equivalente ao apoio ambiental de 3 mil euros (para empresas e particulares) e um voucher de valor equivalente às prestações de 2020, até um valor máximo de mil euros.

Contas feitas, e com campanha de financiamento da marca, o novo Mazda MX-30 está disponível desde 29.790 euros. Para clientes empresa, e com as vantagens fiscais inerentes, este valor desce para perto dos 23 mil euros.

Miguel Dias

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