Em 1948, durante o Salão Automóvel de Paris, a Citroën apresentou aquele que é hoje um clássico entre os automóveis europeus: o 2 CV. Mas a história começou em 1936, quando Pierre Boulanger, o director geral da marca francesa, decidiu avançar com a criação de um automóvel simples e barato:
"Quatro rodas sob um chapéu de chuva, capaz de transportar duas pessoas e um saco de batatas com 50 kg a 50 km/h".
O projecto avançou sob a direcção do engenheiro André Lefebvre, e em Maio de 1939 estavam prontas 250 unidades na fábrica de Levallois para serem apresentadas do Salão Automóvel de Paris, que nunca se realizou devido à II Guerra Mundial. Uns modelos foram destruídos e outros escondidos durante a ocupação nazi.
Mas o projecto nunca foi esquecido e, depois do conflito, o 2 cv foi redesenhado para ser apresentado no Salão Automóvel de Paris onde foi acolhido com um misto de espanto, surpresa e até com comentários sarcásticos. Diz-se que houve um jornalista americano que perguntou –
"para que serve isso?"...
Apesar das muitas críticas, também houve elogios como aqueles que foram publicados na "Revue Automobile Suisse". E depois foi a afirmação de um automóvel simples, fácil de produzir e económico.
Equipado com um motor de dois cilindros opostos, refrigerado a ar, com 375 cc e 9 cv de potência (2 cv era a potência fiscal), era capaz de chegar aos 45 km/h, gastando 4,5 litros aos 100 km. Ao longo da sua vida surgiram várias versões que ajudaram a motorizar a Europa.
Entre Outubro de 1948 e 27 de Julho de 1990 – altura em que a última unidade saiu da linha de montagem da fábrica da Citroën em Mangualde (perto de Viseu) – foram produzidas 5 114 490 unidades do modelo, das quais 1 246 335 da Fourgonette (carrinha). Para a história ficou um automóvel que foi um ícone da juventude do pós-guerra, uma imagem de liberdade e mobilidade, que ainda hoje – 60 anos depois – alimenta paixões.