Stirling Moss, acompanhado por Denis Jenkinson, venceu as Mille Miglia de 1955 ao volante de um Mercedes 300 SLR, com 31m 45s de vantagem sobre Juan-Manuel Fangio, que conduziu a "solo". As "notas" de andamento fizeram a diferença...
As Mille Miglia integravam o Campeonato do Mundo de Sport, mas eram uma prova radicalmente diferente de qualquer outra. Não se disputava numa pista e cada concorrente lutava directamente com o cronómetro, num percurso disputado em estrada aberta que variava de ano para ano. As partidas eram dadas de minuto a minuto e isso era evidente nos números de cada veículo. Moss/Jenkinson tinham o número 722, o que equivale a dizer que começaram a prova às 7h 22m...
Na 22ª edição, os concorrentes tinham pela frente um trajecto de 1.597 km a percorrer entre Brescia-Roma-Brescia. A Ferrari dominou a corrida no pós-guerra, mas em 1955 a Aston Martin e a Mercedes eram rivais de peso num ano em que alinharam 661 concorrentes, divididos em 12 categorias baseadas na cilindrada dos motores.
A vitória de Moss/Jenkinson foi o sucesso de uma estratégia que exigiu muito trabalho. O piloto e o navegador reconheceram o percurso e, pela primeira vez em provas de estrada, realizaram um bloco de notas de andamento que vieram a ser decisivas. Os 1.597 km estavam identificados e descritos num rolo de papel que Jenkinson ia rodando, um sistema que nem é muito diferente do que ainda hoje é utilizado pelos "motards" no Dakar.
No início da prova, o Ferrari 121 LM de Eugenio Castellotti marcou o ritmo, mas os pneus não resistiram e Stirling Moss chegou ao comando. A confiança do britânico nas "notas" do seu navegador permitiu-lhe dilatar a vantagem na zona de serras antes de chegar a Roma. No regresso a Brescia a vantagem dos britânicos não parou de aumentar e no final, para além do tributo ao talento do piloto, foi reconhecido o papel do "navegador", uma figura que era desconhecida na época.