Diferenças de centésimos de segundo, um piscar de olho, são mais ou menos comuns nas qualificações da F1, mas no final da corrida as diferenças são sempre mais "gordas". A excepção aconteceu no GP de Espanha de 1986, quando Ayrton Senna (Lotus) cortou a meta com 0,014 segundos de vantagem sobre Nigel Mansell (Williams).
Ayrton Senna chegou super-motivado a Jerez de La Frontera, a segunda prova da temporada. Foi o mais rápido na qualificação, deixando Nelson Piquet (Williams Honda), Nigel Mansell e Alain Prost (McLaren TAG Porsche) nas posições secundárias.
A corrida foi desgastante e emotiva. Ao fim de 55 das 72 voltas previstas, Nigel Mansell liderava à frente de Ayrton Senna (+1,3s) e Prost (+2,8s), mas estava no limite do combustível e tinha os pneus em muito mau estado. Nas boxes da Williams, Parick Head preparou os pneus para um troca rápida.
A 12 voltas da final Ayrton Senna ameaçou Nigel Mansell e quatro voltas depois assumiu o comando, enquanto o britânico parava para trocar de pneus. A nove voltas do fim Ayrton Senna tinha um segundo de vantagem sobre Alain Prost, mas os pneus do brasileiro e do francês estavam nos limites.
Com pneus novos, Nigel Mansell era o mais rápido em pista. A sete voltas do final ultrapassou o McLaren de Prost e ganhou três segundos por volta ao Lotus do brasileiro. As últimas voltas foram impróprias para cardíacos. Ayrton Senna evitou várias saídas de pista, mas à entrada para o último gancho à esquerda, que dá acesso à recta da meta, a vantagem era toda de Nigel Mansell. Mas o brasileiro logrou manter a melhor trajectória e cortou a meta com 14 milésimos de segundo de vantagem...