Os 405 Km/h atingidos pelo WM P88 de Roger Dorchy durante as 24 Horas de Le Mans de 1988 nunca será batido, porque a longa recta, com mais de seis quilómetros, na velha estrada de Le Mans para Tours foi cortada em 1990 por duas chicanes, construídas em nome da segurança.
A história deste recorde começou com Gerard Welter e Michel Meunier, dois engenheiros da Peugeot, mas também grandes apaixonados pelo desporto automóvel em geral e as 24 Horas de Le Mans em particular. Associaram-se ainda nos anos 60 para trabalharem nas horas vagas, mas em 1976 formaram uma equipa (WM) de entusiastas, que surgiu nas 24 Horas de Le Mans. Mas a WM percebeu que não tinha argumentos nem orçamento para poder pensar na vitória e em 1986 assumiu outro desafio: bater o recorde de velocidade na recta das Hunaudières.
Em 1987 alinhou o P87 com uma estrutura monobloco em alumínio e uma carroçaria cuidada a nível aerodinâmico, desenvolvida no túnel de vento que a Peugeot cedeu para o efeito. Adoptou o motor V6 PRV, cuja cilindrada foi aumentada para 2,8 litros e graças a dois turbos debitava 850 cv. Em testes o P87 chegou aos 416 km/h, mas vários problemas técnicos afastaram-no da corrida numa altura em que a velocidade máxima atingida foi 381 km/h.
Apesar do revés, a equipa construiu um novo protótipo para as 24 Horas de Le Mans de 1988. Ao lado do P87 surgiu o P88. As diferenças eram apenas nos detalhes, mas a potência do motor foi elevada para 900 cv. O carro de 1987 desistiu ao fim de cinco horas com problemas de transmissão e o P88 tinha dificuldades com o sistema de gestão do motor. Esteve parado nas boxes durante três horas e meia até ser mandado para a pista com Roger Dorchy ao volante e, ao fim de um par de voltas, aumentou a pressão de sobrealimentação ao máximo e cumpriu várias voltas acima dos 400 km/h, até ser fixado o recorde em 405 km/h.