Tudo começou em 1907, quando Henry Royce decidiu criar um topo de gama. Surgiu assim o 40-50 hp, que deveria ser promovido por Claude Johnson, o ex-secretário do Automobile Clube of Great Britain and Ireland, que havia assumido o cargo de director geral da nova marca.
Para esse efeito, foi construído um modelo que seria uma ferramenta de marketing para demonstrações junto de potenciais clientes. A encomenda original referia que o modelo deveria ser pintado de verde, mas Claude Johnson mudou de ideias e optou pelo prateado brilhante. Esta mudança de opinião deu origem a um nome que se tornou mítico na Rolls Royce. Nascera o primeiro "Silver Ghost", que foi tema da revista ‘Autocar’ nas edições de 20 e 27 de Abril de 1907. A revista britânica elogiou a elegância, conforto e desempenho do motor.
Em Maio, Claude Johnsson participou com o Silver Ghost nas 2000 Milhas de Trial, o que obrigava a cumprir o percurso Londres-Glasgow-Londres (cerca de 2.500 km). Não satisfeito, decidiu estabelecer um novo recorde e ao longo de cinco semanas de condução em caminhos que não eram estradas andou por Inglaterra e pela Escócia. Percorreu 24.140 km, antes de desligar o motor do Rolls Royce no dia 8 de Agosto de 1907.
Em 1908, o Silver Ghost foi vendido a Dan Handbury, que o utilizava para se deslocar duas a três vezes por ano à sua "villa" em Itália. Em 1925, o chassis 60551 partiu-se e o carro, que teria cumprido 563.270 km, foi posto de lado. Ao logo da sua vida, a única alteração que tinha sofrido fora a montagem de um pára-brisas Beaton que ainda hoje o equipa.
No final da II Guerra Mundial, Dan Handbury decidiu recuperar o Silver Ghost, mas acabou por morrer subitamente em 1948. Nessa altura, o genro propôs a sua venda à Rolls Royce que o adquiriu.
Apesar de não ser o único Silver Ghost, porque a marca utilizou esta referência nos modelos de 40-50 hp, para os distinguir do novo Phantom lançado em 1925, era o primeiro Silver Ghost.
Um século depois, o Silver Ghost ainda anda, e não deixa de ser curioso que hoje seja propriedade da Bentley (o mesmo é dizer do Grupo VW), tendo ficado fora do negócio da compra da Rolls Royce pela BMW em 1998.