A esmagadora maioria dos Lamborghini assumiram o nome de touros de lide que fazem parte da tauromaquia espanhola, nomes de animais de rara bravura que os aficionados nunca esquecerão.
O Huracán está na ordem do dia, tanto mais que a sua última evolução
foi vedeta no Salão Automóvel de Genebra. Mas Huracán era também o nome de um touro da ganadaria Conde de Padilla, que em 1879 levou pela frente sete cavalos e os seus cavaleiros, na praça de touros de Alicante, antes de ser "indultado" pela sua bravura após a lide.
Foram histórias como esta que Ferruccio Lamborghini, o fundador da marca de Sant´Agata Bolognese, quis imortalizar nos nomes dos seus automóveis. Era italiano, mas um aficionado pela tauromaquia.
É certo que o primeiro Lamborghini – o
350 GT – surgiu com uma referência convencional para os parâmetros da indústria automóvel. Mas, pouco tempo depois, foi apresentado o Islero (1968-1970), que assumiu o nome do touro que colheu mortalmente o mítico "Manolette", na praça de Santa Margarida, em Linares a 29 de Agosto de 1947.
Era um touro Miura, o nome que está na origem do maior ícone da marca de Sant´Agata Bolognese. O Lamborghini Miura foi buscar o apelido de Juan Miura, o fundador de uma ganadaria que apurou touros de lide reconhecidos pela sua corpulência e bravura, cuja imagem está a estar na origem do logótipo da marca italiana.
O autor do desenho do escudo da Lamborghini foi um jovem que viria a marcar o design automóvel italiano e mundial –
Marcello Gandini – que aos 25 anos já trabalhava no atelier da Bertone.
Exemplos da proximidade entre a Lamborghini e "os touros" são mais do que muitos. Basta olhar para modelos como o Diablo (1990-2001), um nome que nos recorda o animal que em Julho de 1869 enfrentou o toureiro José Lara Jiménez "Chicorro", sendo indultado após a lide pela sua superior bravura.
O Murciélago da ganadaria Miura também fez história, tanto pela bravura como pela resistência física: em 1879 sobreviveu a 24 estocadas de Rafael Molina ("El Lagartijo") na praça de Córdoba.
Estas histórias mostram que a "afición" não tem fronteiras. Podemos vibrar, ser indiferentes ou contestar a "festa brava". Mas a sua força não é questionável nem respeita a geografia, e acaba por ser uma forma de estar muito próxima daqueles que apreciam "automóveis da verdade"....