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McLaren quer "desfazer-se" do líder Ron Dennis?!

18:01 - 20-10-2016
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As "águas" agitaram-se na Fórmula 1 com a notícia da saída de Ron Dennis da liderança da McLaren, supostamente por o seu contrato enquanto presidente executivo não ser renovado no final deste ano pelos accionistas maioritários. Uma saída "por baixo", ao fim de 36 anos em que, no fundo, foi Ron Dennis (69 anos) quem elevou a McLaren aos níveis elevadíssimos que atingiu…

Mas quem conhece o ainda patrão do McLaren Technology Group – que engloba a McLaren Racing (equipa de F1), McLaren Marketing e McLaren Applied Technologies, mas não a McLaren Automotive que fabrica os superdesportivos de estrada – sabe que, não sendo seu desejo afastar-se (como parece ser o caso), a coisa poderá não ser pacífica…

Ainda ontem um porta-voz do grupo reafirmou que "Ron Dennis não está a reformar-se e mantém o contrato de presidente e presidente executivo do McLaren Technology Group, além de deter 25% das acções do Grupo, exactamente a mesma percentagem de Mansour Ojjeh". Um sinal inequívoco de que este é um assunto que não será resolvido de forma tão tranquila quanto se quis fazer crer…

Comecemos por explicar a estrutura da McLaren, afastando logo da "equação" a parte que constrói os automóveis de estrada, a McLaren Automotive, totalmente independente, de que Ron Dennis tem 10% das acções e em que é apenas presidente, sendo Mile Flewitt o executivo. O que está aqui em causa é o McLaren Technology Group, composto pelas empresas atrás descritas, de que Dennis tem 25%, tal como Mansour Ojjeh – o árabe que é um dos proprietários da TAG –, estando os restantes 50% na posse do fundo soberano do reino do Bahrain, a Mumtalakat.

Em 2014, Ron Dennis tentou recuperar o controlo da McLaren, procurando comprar as acções na posse de Ojjeh e do fundo do Bahrain, mas não conseguiu reunir as verbas necessárias no prazo estipulado. Talvez estejamos agora a assistir ao "refluxo" dessa onda e à tentativa de "arrastamento" de Dennis… Talvez assim se compreenda melhora contratação de Jost Capito que passou a integrar uma liderança tripartida da McLaren Racing como CEO, juntamente com Jonathan Neal (director geral) e Eric Boullier (director desportivo).

"Ao longo de muitos anos, várias décadas na verdade, os accionistas da McLaren negociaram inúmeras vezes para equilibrarem as suas posições. E o Ron e o Mansour sempre foram centrais nessas discussões", adiantou o porta-voz da McLaren. "Este volta a ser o caso, pelo que as recentes conversações podem ser definidas como ‘mais do mesmo’. Mas será inapropriado adiantar mais do que isto".

Veremos pois, em breve, se as notícias do afastamento de Ron Dennis da McLaren serão manifestamente exageradas ou se, pelo contrário, serão mesmo o resultado de duras lutas internas pelo controlo de um grupo que, em 2015, gerou receitas de 520 milhões de euros antes de impostos e emprega mais de 5200 pessoas!

Apesar de a McLaren ter sido fundada pelo neozelandês Bruce McLaren, em 1963, teve um início conturbado pela morte do seu fundador, num acidente num teste, em 1970. Na altura, foi o americano Teddy Mayer quem tomou conta da equipa, conseguindo os primeiros títulos mundiais, com Emerson Fittipaldi (1974) e James Hunt (1976, faz 40 anos no próximo domingo!).

Mas a equipa atravessou uma fase de quebra eminente e foi aí que apareceu Ron Dennis que começara a trabalhar na F1 nos anos 60, como mecânico de Jochen Rindt e, depois, da equipa Brabham. Acabaria por fundar a sua própria equipa (Rondel Racing) para alinhar na F2 e, anos mais tarde, montaria o Project Four Racing que teria bastante sucesso na F2, atraindo a sua ligação à Marlboro.

Que acabaria por apadrinhar a sua subida à F1 e a sua tomada de controlo da McLaren, em Setembro de 1980. A partir daí, os McLaren passaram a designar-se por MP4, inicialmente de Marlboro Project Four, mais tarde, depois de perdido o patrocínio da tabaqueira, apenas de McLaren Project Four. Dennis, um perfeccionista compulsivo, elevou a sua equipa a níveis nunca vistos na F1 e começou a formar a duplas com os melhores pilotos, coleccionando vitórias e títulos.

Conseguiu, com maior ou menor dificuldade, gerir duplas de pilotos muito difíceis, como Lauda e Prost ou, logo a seguir, Prost e Senna. Fornecendo sempre material da mesma qualidade e dando liberdade aos seus pilotos para se baterem de forma responsável. Nesse aspecto, há que homenagear a sua atitude de "racer"! A única dupla da qual nada conseguiu, acabando mesmo por perder um campeonato de forma quase ridícula, foi Hamilton-Alonso, em 2007… Porque foi, talvez, a única vez em que deixou que o lado emocional – apadrinhara Hamilton desde os 9 anos – lhe toldasse a sua habitual visão fria e calculista…
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