Haverá boas razões para os construtores europeus, japoneses e americanos recearem a investida das marcas chinesas na electromobilidade.
Na última quinta-feira, em Pequim, foi a vez de um conhecido fabricante de telemóveis avançar para o mundo automóvel com uma berlina 100% eléctrica.
Chama-se SU7 o primeiro modelo de sempre da Xiaomi, com as iniciais a corresponderem a Speed Ultra para "explicar" todo o dinamismo do carro.
A confirmar essa proposta está um sistema de som digital que "recria a emoção de conduzir um desportivo", como especifica o grupo em comunicado.
O impacto junto dos consumidores chineses não se fez esperar: 50 mil exemplares foram encomendados em 27 minutos após o lançamento oficial.
Assumidamente rival do Model 3 da Tesla, o preço de venda na China teria de ser um dos seus principais trunfos.
Foi o próprio Lei Jun, co-fundador do grupo de electrónica, a anunciar esses números que, à primeira vista, parecem imbatíveis… pelo menos na Europa!
São 215.900 yuan para o modelo de entrada, correspondente a 27.670 euros, e 299.900 yuan (cerca de 38.430 euros) para o topo de gama SU7 Max.
A apresentação foi seguida por mais de 2 milhões de telespectadores através de várias plataformas como a chinesa WeChat, Youtube e X (antigo Twitter).
A cerimónia de apresentação contou com a presença de mil pessoas, incluindo os directores executivos de marcas chinesas como a Nio, Xpeng, Li Auto e BYD.
O SU7 vai muito além de representar apenas a entrada contundente do gigante chinês da electrónica no mundo automóvel.
Esta berlina eléctrica de última geração é uma verdadeira revolução ao nível da conectividade e de integração com o ecossistema digital.
Ao aliar desempenho de ponta a novas experiências de condução, a Xiaomi abala os códigos pré-estabelecidos para posicionar-se como um dos protagonistas da mobilidade do futuro.
Uma ambição que o próprio Lei Jun assumiu em Dezembro passado, ao querer que o seu conglomerado seja um dos cinco maiores fabricantes automóveis mundiais nos próximos 15 a 20 anos.
Com o comprimento a bater quase nos cinco metros, tem apenas 1,46 de altura e 1,96 de largura, com a distância entre eixos a chegar aos três metros.
Em termos visuais, a berlina coupé adopta códigos estilísticos já presentes em outras propostas de marcas bem conhecidas.
Essa ideia percebe-se logo no desenho dos faróis, com um desenho muito parecido com os que equipam o McLaren 720S e o recente 750S.
A traseira segue as premissas do Ioniq 6 da Hyundai mas ganha um spoiler retráctil.
Estas linhas muito esguias acabam por não ser uma grande surpresa se se pensar que em causa está a eficiência aerodinâmica; apenas um Cx de 0,195!
O interior do SU7 é de imediato distinguido pelo enorme ecrã central multimédia de 16,1 polegadas, alinhado com o painel de instrumentação de 7,1 polegadas.
E, para o condutor não desviar um milímetro os olhos da estrada, o pára-brisas conta com um visor head-up de realidade aumentada com 56 polegadas.
E, a facilitar a condução, está uma bateria completa de câmaras e radares, que funcionam com o sistema de condução autónoma Xiaomi Pilot.
A fabricante de telemóveis assegura mesmo que a berlina coupé poderá circular em ambiente urbano sem a intervenção do condutor.
Todo o infoentretenimento é operado pelo HyperOS baseado no Android 14, e concebido para receber actualizações por via remota.
Desenvolvido pela Xiaomi, o sistema operativo dá uma integração perfeita com os dispositivos do ecossistema digital da marca, desde telemóveis a televisores.
Esta interconectividade permite aos utilizadores uma fácil interacção com o automóvel.
Condutor e acompanhantes poderão transferir conteúdos multimédia, dados de navegação ou mesmo configurações próprias a partir do telemóvel ou tablet.
A Xiaomi anuncia duas versões distintas – tracção traseira ou integral – no lançamento do SU7.
A entrada na gama faz-se com o SU7 Standard com um motor de 220 kW (299 cv) e 400 Nm montado no eixo traseiro.
Nos arranques dos zero aos 100 km/hora bastam-lhe 5,3 segundos para uma velocidade máxima de 210 km/hora.
A bateria de 75,6 kWh com arquitectura de 400 volts assegura uma autonomia até 700 quilómetros.
Este número, no entanto, está conforme a norma chinesa CLTC, menos exigente do que a europeia WLTP.
Segue-se o SU7 Pro, com o mesmo motor de 299 cv mas agora com uma bateria de 94,3 kWh para uma autonomia até 830 quilómetros.
O topo de gama é representado pelo SU7 Max com os dois motores a passarem 495 kW (673 cv) e 838 Nm combinados às quatro rodas.
Com uma velocidade de ponta de 265 km/hora, este verdadeiro "foguete" demora apenas 2,8 segundos a cumprir o sprint dos zero aos 100 km/hora.
A suportar estes motores está uma bateria de 101 kWh com arquitectura de 800 volts, para oferecer até 800 quilómetros de autonomia segundo a norma CTLC.
As reservas para o SU7 estão somente abertas na China mas a Xiaomi não descarta a exportação da berlina coupé para a Europa nos próximos meses.
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