Aos menos habituados às competições automóveis, o nome de Giorgio Bizzarrini pouco lhes dirá, mas este engenheiro italiano foi um dos responsáveis pelo desenvolvimento do Ferrari 250 GTO.
Terminada a relação, em litígio, com a marca italiana, criou a sua própria insígnia desportiva em 1964 e levou os seus carros a correrem nas mais importantes provas de resistência daquela década.
É verdade que só sobreviveu meia dúzia de anos, mas inegável é que deixou boas recordações nas pistas de corridas com o Bizzarrini 5300 GT Corsa numerado com o chassis #0222 e desenhado por Giorgetto Giugiaro.
Recuperada a empresa no início desta década, foi entregue esta semana o primeiro dos 24 exemplares que celebram o mítico desportivo que venceu em 1965 as 24 Horas de Le Mans.
E, embora tenha sido montado especificamente para as pistas de corrida, pode ser alterado para circular numa estrada vulgar se assim for o desejo do dono.
Baptizado como Bizzarrini 5300 GT Revival Corsa, o super desportivo construído à mão está o mais próximo possível do original.
A carroçaria é composta por uma única peça em fibra de vidro sobre uma estrutura de aço, mas pode ser substituída pelo seu equivalente em fibra de carbono.
Difícil foi conseguir pintá-lo no mesmo tom Rosso Corsa que o modelo com o chassis #0222 correu em Le Mans.
A Bizzarrini montou uma brigada de "arqueólogos" para descobrir a equipa responsável pelo restauro do modelo e removeu meticulosamente as várias camadas de tinta para encontrar a cor original.
Foi ainda necessário fazer algumas concessões ao nível da segurança para cumprir os regulamentos da FIA para "clássicos" de competição: a célula do depósito de combustível foi actualizada e a "gaiola" foi reforçada.
De resto, quase tudo respeita o super desportivo, a começar pelo bloco V8 atmosférico de 5.3 litros com carburadores Weber 45 DCOE (duplo corpo horizontal E), que é específico da década de 60.
A caixa de quatro velocidades passa às rodas traseiras, com diferencial autoblocante, uns impressionantes 405 cv às 6.000 rotações por minuto e um binário a roçar os 510 Nm às 3.600 revoluções por minuto.
A suspensão foi totalmente revista, sendo independente no eixo traseiro, e o sistema de travagem recebeu quatro discos.
A carroçaria em fibra de carbono permitiu reduzir o peso para 1.250 quilos contra os 1.297 do original, com a Bizzarrini a assegurar que a relação peso-potência de 3 kg/cv está ao nível de um super carro dos nossos dias.
Não é um super carro dado a economias de consumo: os 95 litros de gasolina que o depósito de combustível comporta dão apenas para 68 minutos em plena aceleração.
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