É uma mudança mais do que radical para a Lotus: como se não bastasse a passagem para a electrificação total dos seus futuros modelos, o primeiro exemplo é um SUV, bem longe dos pergaminhos da marca.
Chama-se Lotus Eletre e, como a própria insígnia sublinha, será o primeiro hiper SUV alimentado a electrões, num ataque directo a rivais como o Porsche Cayenne ou mesmo o Lamborghini Urus.
Revelado esta terça-feira, é também o produto que explica em que direcção a Lotus irá caminhar num futuro próximo, com a casa-mãe Geely a definir como principal alvo a marca desportiva de Estugarda.
O Eletre será um dos três "eléctricos" que a Lotus irá revelar nos próximos anos, construído sobre uma nova plataforma modular que permitirá a montagem de outros modelos como crossovers ou berlinas.
E no programa está ainda o pequeno desportivo 100% electrificado que a marca está a desenvolver com a Alpine.
Certo é que será o primeiro Lotus a ser construído na China, numa nova fábrica em Wuhan, apesar de os futuros desportivos continuarem a ser produzidos na sede britânica em Hethel.
Uma certeza é que o SUV, antes conhecido pelo código Type 132, é enorme para os padrões da Lotus, apesar do seu perfil francamente desportivo.
Afinal, são 5,11 metros de comprimento por 2,13 de largura e 1,63 de altura, com a distância entre eixos a situar-se nos 3,02 metros.
É 18 cm mais comprido e 6,6 cm mais baixo do que o Porsche Cayenne, embora a capacidade das duas bagageiras se fique pelos 400 litros atrás e 77 litros à frente.
Construído sobre um chassis em aço e alumínio, os elementos a preto da carroçaria são em fibra de carbono e os painéis em alumínio.
Imponente pelas suas formas, é estranhamente esguio e aerodinâmico como um SUV coupé, trazendo reminiscências do Urus da Lamborhini.
O capô, os painéis laterais, a parte traseira... tudo é esculpido de maneira a canalizar o fluxo de ar e optimizar a força descendente, reflectidos nas duas pequenas asas laterais no topo do tejadilho.
Foi também a solução encontrada para montar o sensor retráctil Lidar no tejadilho para uma visão clara da retaguarda, a que se somam mais três Lidar "escondidos" nas cavas das rodas e no pára-brisas.
É clássico nas tecnologias de apoio ao condutor – manutenção de faixa com assistência de mudança, e controlo adaptativo da velocidade de cruzeiro – mas a Lotus anuncia um nível avançado de condução autónoma.
O pára-choques dianteiro está equipado com válvulas activas, que são abertas ou fechadas de acordo segundo a necessidade de refrigerar a bateria.
A plataforma possui uma nova arquitectura exclusiva da Lotus, com uma capacidade de carregamento de 800 volt para uma carga completa em 18 minutos da bateria superior a 100 kWh.
A autonomia com uma única carga rondará os 600 quilómetros, sendo capaz de recarregar mais 400 quilómetros em cerca de 20 minutos num carregador de 350 kW.
Outros dispositivos que não são vulgares, muito menos num Lotus do antigamente, são os retrovisores laterais com câmara e a suspensão pneumática de série.
Dispõe ainda de barras estabilizadoras e diferencial autoblocante activos, sendo opcional o sistema de direcção das rodas traseiras.
A "sustentá-lo" no solo estão jantes em liga leve de 23 polegadas, com inserções em fibra de carbono para tornar ainda mais aerodinâmico o fluxo de ar.
A travagem é assegurada por discos carbono-cerâmicos de grandes dimensões, "apertados" por pinças de dez pistões.
A Lotus foi parca em pormenores sobre o sistema motriz do Eletre, e a respectiva potência e binário que debitarão os dois motores eléctricos que lhe dão tracção integral.
Uma certeza é que serão cinco os modos de condução para todas as variantes, divididos por Range, Tour, Sport, Off-Road e Individual.
A entrada na gama faz-se com uma potência até 600 cv para uma velocidade máxima até 260 km/hora, e menos de três segundos para ir dos zero aos 100 km/hora.
Seguir-se-ão mais duas variantes, com a mais poderosa a chegar aos 700 cv de potência. Desconhecido é o peso do SUV, mas tudo indica que ficará bem acima das duas toneladas.
Não será por falta de luxo que este Eletre se irá envergonhar, bem longe do aspecto algo espartano dos anteriores modelos da Lotus.
O habitáculo, grande e arejado para quatro ou cinco ocupantes, tem o posto de condução focado no condutor, como não poderia deixar de ser, com a consola central a ser inspirada nos Lotus Emira e Evija.
À frente do condutor está um fino painel de instrumentos, atrás do volante octogonal, com o passageiro do banco ao lado a ter ao dispor um segundo visor.
Bem ao centro do tabliê destaca-se um enorme ecrã táctil de infoentretenimento, em jeito de tablet, com 15,1 polegadas.
O ambiente geral é fresco e vibrante, muito à conta dos materiais reciclados aplicados nos estofos dos bancos e nos revestimentos, com acabamentos em fibra de carbono.
A Lotus está já a aceitar encomendas para o novo Eletre, com a China a receber os primeiros exemplares em 2023, seguindo-se o mercado europeu, com o Reino Unido à cabeça. Falta saber quanto custa.
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