Muitos consideram os anos 80 como a década de ouro dos mundiais de rali, com o extremo Grupo B a ser composto por bólides superlativos.
Foi a era dos deslumbrantes Audi Quattro, Lancia 037 e Delta S4, Porsche 911, Peugeot 205 T16, Renault 5 Turbo e Ford RS 200 a marcarem o ritmo entre 1982 e 1986.
Ao volante estavam fantásticos pilotos como Michèle Mouton, Markku Álen, Walter Röhrl, Ari Vatanen, Miki Biasion, Timo Salonen e Juha Kankkunen, só para citar alguns dos que tiveram a oportunidade de guiar estes "monstros" da estrada.
No (longo) vídeo que acompanha o artigo, pode apreciar alguns dos melhores (e piores) momentos do Mundial de ralis desta categoria que se correu entre 1982 e 1986. Alguma das imagens mais impressionantes aconteceram no nosso país.
Restrições ao nível da tecnologia e do ‘design’ eram mínimas, com os pesos dos carros a serem reduzidos ao máximo. As acelerações e as velocidades de ponta eram estonteantes, em estradas que não estavam minimamente preparadas para receber carros com 400 a 500 cv de potência.
A ajudar à "festa" estavam verdadeiras multidões nas bermas dos troços cronometrados, numa altura em que as normas de segurança eram nulas; os carros passavam-lhes a centímetros!
Claro que muitos já previam que este Grupo B era um desastre à espera de acontecer, como veio a acontecer no Rali de Portugal. Joaquim Santos despistou-se em Sintra, em Março de 1986, com o Ford RS200 no troço da Lagoa Azul, provocando três mortos e dezenas de feridos.
Dois meses depois, Henri Toivonen e o co-piloto Sergio Cresto morreram carbonizados após o despiste do Lancia Delta S4 no Rali da Córsega. Um ano antes, e na mesma prova, já Attilio Bettega tinha morrido ao volante do Lancia 037, sendo nesta altura feitos os primeiros alertas para os perigos dos carros do Grupo B.
‘Killer B’s’ passaram a ser conhecidos estes carros, apesar de terem sido eles a marcarem um dos períodos mais competitivos e emocionantes do mundial de ralis.
Um chassis leve, combinado com uma aerodinâmica sofisticada e uma enorme potência, resultou numa classe de carros cujo desempenho nunca mais foi superado, passadas mais de três décadas após a extinção do Grupo B.
Mesmo assim, esta categoria continua a ser considerada como a que levou a competição aos seus anos mais gloriosos.