Há histórias do mundo automóvel que engrandecem os seus protagonistas, e nem precisam de serem grandes coleccionadores de carros para se destacarem nesse universo muito próprio.
Basta mostrar a paixão que os move para protegerem modelos que são documentos históricos sobre rodas na história mundial do automóvel.
É o caso de Randall Pitman, o orgulhoso proprietário de um Ford T de caixa aberta de 1927, que foi alvo de notícia por parte da estação televisiva CBC.
Aos 87 anos, este canadiano mantém em excelentes condições, há mais de sete décadas, o primeiro carro que comprou.
Residente em South Ohio, na província da Nova Escócia, este simpático velhote começou a trabalhar numa bomba de gasolina, aos 17 anos, para ganhar o dinheiro de que precisava para comprar um carro.
O salário? Uns irrisórios dez cêntimos à hora, correspondente a seis cêntimos de euro ao câmbio actual!
Ao longo dos 12 meses em que esteve a encher os depósitos de combustível dos carros dos outros, conseguiu amealhar 50 dólares canadianos, equivalente a pouco mais de 480 euros com inflação incluída.
Com os bolsos "cheios", foi a uma leiloeira da cidade quando soube que ia ser colocado à venda um Ford T. Por 47,5 dólares, tornou-se o feliz proprietário da 'pickup'!
Na "visita" guiada que fez ao seu Ford T, Pitman explica os principais comandos de um carro que em nada tem de semelhante aos modernos automóveis. Os três pedais mantêm-se mas as suas funções são radicalmente diferentes.
Para engrenar a primeira velocidade, é preciso carregar no pedal da embraiagem até ao tapete, enquanto a segunda relação só "entra" se retirar o pé. O "ponto morto" é conseguido quando o pedal está a meio.
O segundo pedal, que não é mais do que o que está no meio, ao contrário do que se possa pensar, não é para travar mas sim para engrenar a marcha à ré. Os travões são accionados pelo pedal mais à direita.
Falta o acelerador… que se resume a uma manete no volante comandada pela mão direita. As mudanças de direcção exigem, no entanto, enorme coordenação de movimentos.
São os braços que servem de "piscas", como é obrigatório fazer-se quando se conduz uma bicicleta.
Mesmo com a sua provecta idade, Randall Pitman mantém um enorme vigor: guia o clássico com regularidade e está sempre pronto a levá-lo a feiras automóveis para ser apreciado por milhares de pessoas.
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