Adeus Hélio Rodrigues...

Há 30 anos apareceu na redacção do "Volante" um indivíduo tímido, super-educado e sempre disponível para trabalhar. Era um apaixonado pelo desporto automóvel e sobretudo pelas estatísticas. Tinha começado no "Motor", como a maioria dos jornalistas da época, mas foi visto como um reforço importante para um novo projecto que estava a nascer.

A competição fascinava-o e não importava se estávamos a falar de Fórmula 1 ou "Pop Cross". "Sabia tudo" sobre a data de nascimento dos pilotos menos conhecidos ou o dia da primeira vitória dos mais famosos. Era uma enciclopédia estatística. Fomos parceiros de muitas reportagens e sempre estivemos próximos.

Era fácil ser amigo do Hélio, mas difícil tentar ajudá-lo em muitos dos problemas que teve a nível familiar. Reservado, mas muito humano, tinha uma personalidade tão especial como a sua afabilidade. Não foi bem compreendido num mundo em mudança onde as qualidades humanas são cada vez mais preteridas em favor dos "bites" baratos e sem qualidade. Mesmo assim continuou a trabalhar apesar das portas que se foram fechando.

Hoje já não há muitos jornalistas com a mesma paixão ou o conhecimento que tinha da história do desporto automóvel. Mas, a nível pessoal, a maior perda é a de um amigo que, sem nunca se ter posto em bicos de pés, era um conhecedor. Por isso, tenho a certeza que apesar de traído pelo coração, o Hélio, esteja onde estiver, vai continuar a fazer a "contabilidade" de todas as corridas que se disputam por aí... RUI FARIA.