A competição faz parte do ADN da McLaren e os desportivos que a McLaren Automotive produziu nos seus seis anos de vida foram sempre radicais, modelos mais próximos de uma utilização em pista do que no dia a dia em estrada.
Com o novo 570 GT há uma alteração importante ao nível da abordagem da marca de Woking ao mercado dos superdesportivos, em que um cliente endinheirado gosta de saber que o seu carro pode ser um campeão nos circuitos, mas não equaciona a hipótese de se aventurar em disputas com o cronómetro.
Por isso o 570 GT é diferente. Não na imagem que mantém o estilo assumido por todos os modelos da marca britânica, nem na arquitectura que assenta numa estrutura monobloco em carbono, ou no mesmo motor 3.8 V8 biturbo, omnipresente em todos os McLaren de estrada.
A diferença está numa fera ‘domesticada’ onde a suspensão e a direcção foram reguladas para permitirem algumas concessões ao conforto, sem condicionarem o comportamento dinâmico. Ao mesmo tempo, mais importantes do que os 570 cv de potência, são os 600 Nm de binário máximo, disponíveis entre as 5000 e as 6500 rpm, que garantem mais elasticidade na resposta e uma margem de utilização mais ampla do que acontece com os motores mais ‘bicudos’, pensados para uma utilização em pista em que o fulgor só surge perto do ‘red line’ do conta-rotações.
Face ao mais radical 570 S, a imagem do GT só se altera ao nível dos detalhes se esquecermos o grande óculo traseiro, que funciona como porta de uma bagageira com 220 litros de capacidade, que, somados aos 150 litros disponíveis sob o capot anterior, totalizam 370 litros, o que não é nada mau para um superdesportivo. Esta alteração obrigou a criar uma nova asa posterior, fixa, 10 milímetros mais elevada, para compensar as alterações do fluxo aerodinâmico causadas pelo óculo traseiro.
Se um grande desportivo pensado para servir de base a um coupé de competição tem de ser tão espartano quanto possível a fim de reduzir o peso e maximizar a relação peso-potência, uma utilização em estrada tem outro tipo de exigências e quem tem dinheiro para poder passear ao volante de um McLaren exige requinte. O habitáculo do 570 GT é o mais luxuoso que a marca já produziu. A qualidade dos materiais num ambiente dominado pelo couro faz tanta diferença como as regulações elétricas da altura do volante ou do banco do condutor, requintes a que um cliente da marca de Woking não estava habituado. Esses nem imaginavam que um McLaren pudesse ter sensores de estacionamento ou propostas de personalização específicas.
FICHA TÉCNICA
MOTOR V8 Twin-turbo
CILINDRADA 3799 cc
POTÊNCIA MÁXIMA 570 cv/7500 rpm
BINÁRIO 600 Nm/5000 -6500 rpm
PESO/POTÊNCIA Não indicado
VELOCIDADE MÁXIMA 328 km/h
0 A 100 km/h 3,4 s
CONSUMO MÉDIO 10,7
EMISSÕES DE CO2 249 g/km
Os segredos do McLaren 570 GT