A Jaguar (também) já aderiu à moda eléctrica e o novo I-Pace é mais do que o primeiro protótipo ou uma declaração de intenções da marca britânica.
"Não se trata de um concept", afirmou-nos em Los Angeles Ian Callum, director de design da marca britânica.
"O I-Pace é a antecipação de um veículo que vai começar a ser produzido em 2018 e abre um novo capítulo na história da Jaguar".
Foi realizado com base numa plataforma específica para a nova motorização. "
Partimos praticamente do zero no desenvolvimento de uma nova arquitectura", admitiu-nos Wolfgang Ziebart, director técnico da Jaguar/Land Rover. O chassis integra a estrutura que reúne as 36 baterias de iões de lítio, conservado a suspensão derivada do F-Pace, com triângulos sobrepostos à frente e um eixo multibraços na traseira, uma solução mais do que comprovada pela marca de Coventry.
O I-Pace conta com um motor eléctrico por eixo, o que lhe garante tracção total permanente. Em conjunto os dois motores debitam 400 cv, com um binário de 70 Nm instantâneos. A marca britânica reivindica uma autonomia de 500 km e, sem avançar com um valor para a velocidade máxima, admite que é possível passar de 0 a 100 km/h em 4,0 segundos.
DESIGN. "A posição das baterias permitiu reduzir o centro de gravidade e criar uma posição de condução mais baixa do que é habitual nos SUV", considerou Ian Callum, para quem este modelo
"permitiu uma maior criatividade aos designers porque para além de não ser necessário entrar em linha de conta com o volume do motor de combustão, também não há condicionantes como o veio de transmissão".
O resultado é mais do que original na modernidade da forma e, ao mesmo tempo, faz a ponte com traços de outros modelos da marca. Neste caso a forma vale por si, fugindo à banalização dos LEDs azuis como imagem da motorização eléctrica como aconteceu com o
VW I.D. e o
Mercedes EQ no último salão de Paris.
DIMENSÕES. Apesar dos seus 4,68 metros de comprimento o I-Pace só perde cinco centímetros face ao
F-Pace e tem uma distância entre-eixos com mais 12 cm, mas parece mais pequeno do que é na realidade e isso passa pelas opções do desenho.
"A liberdade do projecto, sem constrangimentos criados pela plataforma, permitiu avançar a posição do condutor, para dilatar o espaço oferecido aos ocupantes dos bancos traseiros", afirmou-nos Ian Callum.
O capot dianteiro é mais pequeno do que é habitual e, se sob um desenho onde se destaca uma saída de ar ao estilo do protótipo C-X75 (
o carro do "mau da fita" no último filme de 007) ainda não se sabe o que vai surgir, é natural que seja um segundo porta-bagagens para dilatar o já de si grande volume da bagageira (530 litros). Mas, o capot reduzido, aliado a uma traseira ao mais puro estilo coupé vincam a imagem compacta.
HABITÁCULO. A Jaguar faz questão que o modelo que chegar ao mercado tenha cinco lugares.
Resta saber se terá um aspecto tão futurista como o que foi apresentado na Califórnia. O interior do I-Pace alia o minimalismo com o bom gosto, a funcionalidade e a riqueza de detalhes como os embutidos em madeira, que nos remetem para os Jaguar de outros tempos, ao mesmo tempo que contrastam com a modernidade das formas. Isto é tão evidente na consola central como no desenho dos bancos, que sendo volumosos, também são estreitos.
Não temos duvidas de que o I-Pace ainda vai evoluir antes de ser apresentada a versão final em 2017, muito presumivelmente no Salão Automóvel de Frankfurt, mas temos a certeza de que as alterações não vão alterar muito a forma do protótipo.