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Marchionne ameaça futuro da Ferrari

Marchionne ameaça futuro da Ferrari

13:12 - 28-11-2016
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Sergio Marchionne é considerado por muitos como um mago da indústria automóvel, mas já foi assim com figuras com um percurso mais ou menos semelhante. Basta recordar "Lee" Iacocca, célebre por ter lançado o Mustang: despedido da Ford depois do flop Pinto, foi idolatrado pelas políticas radicais que "salvaram" a Chrysler da ameaça de ruína que nunca foi consolidada, mas apenas foi adiada.

Sergio Marchionne é a imagem da vitória na guerra do clã que sobressaiu da disputa familiar que se seguiu à morte de Giovanni Agnelli. Tirou partido da crise americana para se afirmar junto da administração Obama como a solução salvadora da Chrysler (será coincidência?) na sequência da crise que abalou os EUA após a falência da Lehman Brothers. Conseguiu garantir o controlo da Chrysler de mão beijada e transformou a Fiat Auto no Grupo Fiat-Chrysler Automobiles, mas a partir daí há um vazio de ideias no campo estratégico e na política de investimentos capazes de conduzir ao crescimento.

Todas as decisões são financeiras e não há propostas no campo do produto, e sem ele não há vendas. É assim na Europa com a Fiat, Alfa Romeo e Lancia, mas também nos EUA com as marcas da Chrysler, que apesar de tudo, voltaram a ser rentáveis.

Na Europa também se verifica algum aumento da produção, mas todas as gamas estão envelhecidas e as novidades surgem a conta-gotas apesar das contínuas promessas estratégicas. Mas a política de Sergio Marchionne é muito mais evidente junto da área financeira, onde vale quase tudo para potenciar os números sem que haja investimento em novos modelos.

Isso é mais do que evidente na Ferrari. A marca de Maranello foi fundada por Enzo Ferrari para financiar a actividade desportiva, mas com a gestão Marchionne tornou-se um mero activo bolsista que tem que render, custe o que custar, para pagar dividendos aos accionistas.

Antes, a Ferrari controlava a produção para ser uma marca que podia exigir "tudo", pois não era fácil adquirir uma unidade. Hoje tem que fazer tantas unidades quantas possam ser vendidas, agindo como qualquer outro construtor generalista.

Por isso, chegámos a "séries especiais" como a dos 70 Anos e a declarações tão aberrantes como a que foi feita numa conferência de accionistas de Wall Street, onde Sergio Marchionne afirmou que deu tudo o que podia para ter sucesso na F1, mas que isso vai deixar de acontecer em 2017, chegando mesmo a considerar que para a Ferrari é suficiente continuar em pista.

Como gestor, saberá melhor do que ninguém do que está a falar, mas como observadores consideramos que esta posição não passa de um convite para dar o passo em frente para quem está à beira do abismo.

A história só se faz no futuro, mas o futuro do mago Sergio Marchionne não parece brilhante. Resta apenas saber se o Grupo Fiat-Chrysler Automobiles conseguirá resistir à sua política.


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