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Inevitável. O Futuro é Elétrico.

Inevitável. O Futuro é Elétrico.

10:52 - 22-06-2016
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Para além de uma meia dúzia de teimosos resistentes, já não existem grandes dúvidas que os carros elétricos são a tecnologia do futuro e que algures no final da próxima década, o motor convencional estará condenado a tornar-se residual.

As motorizações a gasolina ou gasóleo não são sustentáveis nem em termos energéticos nem em termos ambientais e políticos. Mesmo que em países como a China, 60% da energia elétrica seja ainda produzida em poluentes centrais a carvão, os problemas de smog nas suas megalópoles tornam a generalização do carro elétrico uma inevitabilidade.

Por maioria de razão, num país como Portugal onde 51% da energia elétrica já é de origem eólica, o que é economicamente insensato e ambientalmente irresponsável, é continuar a importar petróleo como se não houvesse amanhã. Contrassenso, é continuarmos a ter mês após mês, vendas residuais de carros elétricos. E não me digam que o problema está nas suas limitações tecnológicas porque na Holanda, onde se implementou uma política de eficaz de incentivos, a quota de carros elétricos já ultrapassou os 10%.

No entanto em Portugal os carros elétricos deixaram de ser assunto e os culpados são os suspeitos do costume, ou seja, os Governos, a Administração Pública e as Associações do sector. O anterior governo ainda se esforçou e lançou a Fiscalidade Verde que prometeu criar uma economia verde e revolucionar as vendas de carros elétricos. Tudo o que conseguiu foi acabar com os sacos de plástico nos supermercados. Os carros elétricos, esses, continuaram confidenciais.

A razão para tanto insucesso também não é difícil de descobrir. A comissão para a Fiscalidade Verde era constituída por um conjunto de personalidades que provavelmente sabem muito de energia, direito, ambiente e fiscalidade, mas que de automóveis, e principalmente das suas motivações de compra, sabe muito pouco. Mas isso é algo que já nem nos devia surpreender. Esta tem sido a regra dos últimos 20 anos, onde o setor nunca é chamado para qualquer alteração fiscal que o afete.

Para ajudar à festa, no período de discussão pública da fiscalidade verde as associações do setor continuaram a olhar para o umbigo. A ACAP não apresentou qualquer proposta e o ACP, que por qualquer razão não quer nem ouvir falar de carros elétricos, disse mal de tudo e de todos. Os outros limitaram-se a insistir na ladainha do apoio ao abate.

Resultado final? Uma lei totalmente falhada. As empresas continuaram a não comprar carros elétricos e os particulares, que apenas receberam umas migalhas de incentivos, mantiveram-se bem longe de conseguir aceder a esse luxo. Pior, para 2016 o governo conseguiu mesmo arranjar argumentos para reduzir os incentivos à compra de carros elétricos por particulares.

E assim, enquanto a Agência Internacional para a Energia comemora a entrada em circulação do carro elétrico 1 Milhão e diz que está no bom caminho para cumprir o objetivo de ter 100 milhões de carros elétricos em circulação em 2030, em Portugal não se passa nada.

Ou antes passa-se. O Euro 2016, a crise de golos da seleção…. e os 4,000 milhões de Euros que são precisos para recapitalizar CGD.

Já agora, sabiam que em 2015 Portugal gastou 5,000 milhões de Euros a importar petróleo a preço de saldo? E que 1/3 aproximadamente é utilizado na industria de transportes?

Talvez não fosse má ideia começar a vender carros elétricos a sério. Sempre dava para pagar o nosso próximo buraco financeiro sem aumentar logo os impostos.
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