O novo AMG C63 S vem colmatar uma lacuna nas propostas da Mercedes face à BMW. A marca de Estugarda não tinha resposta ao M4 Cabrio dos seus rivais de Munique, mas avançou com uma proposta radical com base no novo
Classe C Cabrio e ultrapassou a BMW na curva...
O segredo passa pelo motor 4.0 V8 biturbo de 510 cv, o mesmo que equipa o AMG GT. É uma proposta muito mais forte do que os 431 cv disponíveis no seis cilindros da BMW....
A imagem do AMG C63 S AMG não foge muito à dos restantes Cabrio da Classe C, se esquecermos as alterações específicas como a menor altura ao solo, jantes mais imponentes, discos de travão formato "XL" e todos os elementos aerodinâmicos necessários para garantir a refrigeração e o apoio num super-desportivo. No fim de contas foi o mesmo que aconteceu com o
Coupé C63S AMG. Mas ao volante tudo se altera ao nível das sensações...
Ao volante deste Cabrio, com a capota em baixo, deixa de haver filtros para o cantar rouco do motor, que ruge de forma desenfreada com as rotações a subirem até perto das 7 000 rpm. É música para os meus ouvidos e para todos os de todos aqueles que gostam de blocos de grande cilindrada.
Um dia, Henry Ford disse que
"melhor do que muita cilindrada, só mais cilindrada". Pode ser politicamente incorrecto, mas é uma verdade absoluta...
Esta banda sonora é como o acelerador de adrenalina, que atinge o "red line" com a força da aceleração de um modelo que é capaz de passar de 0 a 100 km/h em 4,1 segundos, apenas um par de décimas mais do que o Coupé, e com uma aerodinâmica mais eficaz e mais leve do que o Cabrio, onde os reforços estruturais e os motores que operam a capota pesam 125 kg.
Este motor não pára de nos surpreender. A rapidez da subida de rotações é constante e rapidíssima a partir das 2 000 rpm. Nem temos a ideia de que este V8 tem dois turbos com fases de funcionamento diferenciadas.
O comportamento dinâmico não é muito diferente do que conhecemos no Coupé equipado com o mesmo motor, e isso é um elogio ao trabalho realizado pelos engenheiros, que conseguiram compensar a ausência do ancoramento da estrutura, feita pelo tejadilho, com reforços que impedem qualquer tipo de vibração.
Com este Cabrio é possível andar e curvar muito depressa, mas também passear calmamente ao fim do dia, desfrutando da brisa fresca. Há diversos modos de condução passíveis de ser escolhidos pelo condutor (Comfort, Sport, Sport + e Race). A opção Comfort convida a uma condução calma e sem stress, tirando partido dos sistemas de gestão electrónica e da progressividade da suspensão pneumática, mas passar directamente do Comfort para o Race e pisar com determinação no acelerador, é como entrar num acelerador de adrenalina.
A direcção fica mais dura, directa e incisiva, a rapidez das passagens de caixa com as patilhas colocadas atrás do volante é tão rápida para as mudanças superiores, sem ser necessário aliviar o pé do acelerador, como nas reduções mais violentas.
Com tanta potência no eixo traseiro percebe-se que não é difícil chegar aos limites de aderência, mas apesar de ser um animal feroz este C63 AMG é previsível e dá confiança a quem adopte uma condução mais dinâmica. Não é daqueles que está sempre à espreita de uma oportunidade para se virar ao dono...
Mercedes C43 AMG 4MATIC
Mercedes C43 AMG 4MATIC
Quem gosta de potência mas dispensa emoções radicais, tem uma opção mais pacífica: o novo C43 AMG 4Matic com um motor seis cilindros biturbo de 3.0 litros com 367 cv controlados pela tracção total permanente de série.
O motor de seis cilindros da Mercedes é conhecido pela sua potência e os dois turbos permitem uma resposta tão rápida a baixa rotação, como nos regimes mais elevados. Seria um modelo apaixonante se não vivesse na sombra do apaixonante 4.0 V8 biturbo.
É evidente que o C43 AMG não é tão explosivo como o C63S AMG, mas é capaz de passar de 0 a 100 km/h em 4,8 segundos, um valor digno de registo, que faz alguma diferença face ao S400, que é 0,4 segundos mais lento na mesma distancia, mas também muito mais barato.
Sendo um quatro rodas motrizes é muito mais fácil de guiar. A estabilidade direccional é muito grande mas permite algumas brincadeiras com as rodas traseiras a escorregar, porque o eixo traseiro recebe 61% do binário do motor e o dianteiro apenas 39%. Mesmo assim, é muito lento na inserção em curva o que dá confiança a quem queria adoptar uma condução mais agressiva.
Tal como acontece com os restantes modelos da gama, só deve estar disponível no início do Outono e por isso ainda é cedo para falar em preços.