O Scirocco, modelo fabricado na Autoeuropa, unidade da Volkswagen em Palmela, será um dos dois modelos que a marca alemã irá deixar morrer, sem lhe arranjar um substituto. O outro será o Beetle, mas só a versão fechada, já que o Cabriolet continua com bons níveis de popularidade, sendo actualmente o único descapotável da VW. Os baixos níveis de vendas e a mudança de interesses dos consumidores justificarão a decisão da VW.
Foi durante a chamada "Sessão Anual" da VW, onde são debatidos os planos para os anos seguintes, que foi levantada a questão em torno dos dois modelos menos vendidos da marca: no ano passado venderam-se 10.752 Scirocco na Europa (mais de 35 mil em 2012), enquanto o total dos Beetle atingiu os 25.127, com a grande maioria a serem Cabriolet. Só para se ter uma ideia, só em Janeiro deste ano venderam-se mais Golf que a soma daqueles dois modelos no ano de 2016…
Como a empresa necessita de cortar custos (ainda o "Dieselgate"…) e as apostas passam agora muito mais pelos SUV e pela futura gama de veículos eléctricos, com a família I.D., os modelos menos vendidos terão de ficar pelo caminho…
"O Beetle e o Scirocco são representantes de um tipo de automóveis sedutores e emocionais, mas o plano de produto nem sempre prevê a continuação de modelos de uma geração para a outra", disse Arno Antlitz, membro do conselho de administração da VW, de forma sintomática.
Há uns anos, esta seria uma notícia terrível para Portugal porque qualquer modelo fabricado na Autoeuropa que a VW decidisse descontinuar era um sinal de incerteza sobre uma unidade que tem um peso de cerca de 4% nas nossas exportações. Desta vez não é assim, pois a fábrica de Palmela tem o futuro mais que assegurado, com o início da produção do T-Roc, o "crossover" feito com base no Golf, previsto já para Agosto.
Esse modelo dará um novo impulso à fábrica portuguesa da VW, permitindo-lhe voltar a volumes de produção que já há alguns anos não atinge. Em especial a partir da segunda metade de 2018, pois o T-Roc também estará disponível no enorme mercado norte-americano, mas apenas em 2019. Aí veremos, provavelmente, a Autoeuropa aproximar-se da sua capacidade máxima de produção, pelo que o fim do Scirocco – modelo que fabrica desde 2008, apenas com um "facelift" em 2014 – não a afectará especialmente… a não ser alguns dos seus trabalhadores que sempre se afeiçoaram a um modelo de espírito tão carismático.