Esta é uma história de um passo importante no avanço de uma nova tecnologia que abre um novo caminho para o futuro da mobilidade eléctrica… mesmo que ao princípio possa parecer estranha. A grande notícia é que o Quantino da Nanoflowcell acaba de fazer mil quilómetros em apenas 8 horas e 21 minutos, o que representa uma média de 119,7 km/h. O que tem isto de especial? É que, tecnicamente, o Quantino é um automóvel eléctrico e isso é algo que nunca foi conseguido!
Por isso, para se perceber esta façanha, talvez seja melhor explicarmos tudo o que está por trás dela… Comecemos pela Nanoflowcell, empresa suíça que recuperou um conceito em tempos desenvolvido (mas abandonado) pela NASA das chamadas "baterias líquidas", para que a electricidade exigida pelos motores seja produzida dentro do próprio carro, sem as grandes baterias de armazenamento. São precisos dois líquidos, um electrólito e um outro que recorre, segundo os desenvolvimentos da Nanoflowcell, à nanotecnologia. Ao contactarem através de uma membrana porosa, dá-se uma reacção química que liberta iões (energia eléctrica), água e sais.
A água é expelida por evaporação, os sais ficam retidos num filtro e, o que nos interessa para o caso, a electricidade é aproveitada para alimentar, aqui, os quatro motores colocados em cada roda do pequeno Quantino. Ao todo, somam 136 cv, suficientes para transformar este pequeno automóvel de dois lugares num desportivo eléctrico que acelera até aos 100 km/h em menos de 5 s e atinge os 200 km/h.
Há pouco mais de um ano, o responsável por este projecto, Nunzio de la Vecchia, rodou 14 horas seguidas numa pista de testes a simular um circuito citadino, sem parar para reabastecer os depósitos dos líquidos necessários para a produção de electricidade – aparentemente numa solução, de forma a reabastecer de uma só vez, mas aqui não há grandes explicações... Mas faltava o teste no mundo real… Que chegou agora numa viagem de 1400 km, dos quais 1000 km foram cumpridos de uma só vez nas tais 8.21 h.
Sem emissões, pois os líquidos exigidos não são tóxicos nem libertam quaisquer gases na sua reacção, a não ser vapor de água. Outra vantagem deste sistema, ainda em desenvolvimento, é a possibilidade de ter um automóvel eléctrico a funcionar a baixa voltagem, a apenas 48 V, em vez das altas tensões dos modelos eléctricos comercializados. Isso é melhor não só a nível de segurança como até da própria concepção do carro, pois podem usar-se cablagens mais finas e fáceis de "encaixar".
Como não há bela sem senão, convém acrescentar que, para cumprir aqueles 1400 km, o Quantino gastou 190 litros da tal solução! Significa isto um consumo de 13,6 l/100 km o que não é propriamente baixo… O lado bom é que, segundo a Nanoflowcell, o preço daquela solução é extremamente baixo, a rondar os 10 cêntimos por litro. Não houve ainda, contudo, nenhuma clarificação quanto ao processo para a obtenção dessa solução e se envolve algum grau de poluição. Porque, se for um processo limpo, pode estar aqui uma… solução para que os veículos eléctricos ganhem, de repente, uma autonomia gigante, sem ter de investir em baterias enormes e muito caras!
Refira-se que a Nanoflowcell trabalha também num outro modelo, o superdesportivo Quant com quatro lugares, igualmente a funcionar com esta tecnologia e a 48 V, que anuncia aceleração de 0 a 100 km/h em 2,4 s e que pode chegar aos 300 km/h! A empresa suíça diz ter sido já abordada por um grande construtor (referindo não ser alemão…) para a produção em série da sua tecnologia. Quanto ao lançamento comercial do Quantino, poderá acontecer mas nunca antes de 2020.