É uma das principais apostas da Ford para a mobilidade eléctrica: o novo Explorer combina a engenharia alemã neste SUV apontado às famílias num formato bem americano.
Concebido para as estradas europeias, é proposto em dois níveis de equipamento com duas ou quatro rodas motrizes, e com três baterias com autonomias de 384 até 602 quilómetros entre carregamentos.
É também o primeiro modelo fabricado no centro de veículos eléctricos da Ford em Colónia, após um investimento de 2 mil milhões de dólares para adaptar a fábrica alemã aos novos tempos eléctricos.
Os preços finais para particulares e empresas foram avançados esta quarta-feira, antes do Aquela Máquina o levar para a estrada para mostrar o que vale.
É o reforço da ofensiva da Ford para a electromobilidade no mercado europeu: o novo Explorer adopta as formas de um SUV compacto mas com um visual imponente e muito americano.
Primeiro modelo de uma nova vaga de "eléctricos" que a marca irá lançar na Europa, é montado sobre a plataforma MEB do grupo Volkswagen e estará disponível nas versões Explorer e Explorer Premium.
Com 4,46 metros de comprimento – menos 25 cm do que o Mustang Mach-E – por 1,87 de largura e 1,60 de altura, é difícil ficar indiferente à postura robusta que o SUV transmite ao passante.
As linhas aerodinâmicas captam o espírito do icónico SUV americano da nova era eléctrica, reforçado pelo desenho feliz do "escudo" frontal, a substituir a grelha tradicional.
Os pilares A e C em preto ajudam a criar um efeito de tejadilho flutuante enquanto atrás chama a atenção o vidro traseiro esguio e os farolins verticais com efeito tridimensional.
O conjunto é realçado por jantes aerodinâmicas em liga leve de 19 a 21 polegadas, dependendo da versão escolhida.
O habitáculo é marcado pelo Sync Mode, um ecrã táctil multimédia vertical de 15 polegadas, que pode ser movido para abrir ou fechar um espaço de arrumação que a Ford chama de My Private Locker.
Um painel de instrumentos com apenas cinco polegadas dá os dados essenciais à condução, complementadas com outros dados como o nível de carga da bateria ou os assistentes de condução.
Os bancos dianteiros com apoios integrados e também aquecidos, podem ter até 12 níveis de ajuste eléctrico e função de massagem na região lombar.
A luminosidade a bordo é garantida por um tejadilho panorâmico opcional com mais de um metro quadrado de superfície envidraçada.
A capacidade da bagageira chega aos 470 litros, ou até aos 1.400 litros com os bancos traseiros rebatidos, a que se somam mais 17 litros na consola central onde até pode ser guardado um computador portátil.
Dos assistentes ao condutor que comporta destacam-se a estreia num Ford europeu da ajuda à mudança de faixa e o Clear Exit Assist, que alerta se um carro ou um ciclista está a passar antes de abrir as portas.
Para facilitar as manobras de estacionamento, existe a possibilidade de montar um sistema de visão periférica que pára automaticamente o SUV para evitar batidas em espaços estreitos.
A gama do Ford Explorer é composta por soluções motrizes de 125 kW (170 cv) e 310 Nm com a bateria de 52 kWh, e de 210 kW (286 cv) 545 Nm com o acumulador de 77 kWh, sendo ambos de tracção traseira.
O topo de gama é assumido pela versão de 250 kW (340 cv) e 545 Nm, obtidos a partir dos dois motores eléctricos que proporcionam a tracção integral, e apoiado por uma bateria de 79 kWh.
Neste último exemplo, e para um SUV que passa dos 2.100 quilos de peso em vazio, são surpreendentes os 5,3 segundos que demora a cumprir os zero aos 100 km/hora e as suas capacidades "todo o terreno".
A velocidade máxima está tabelada nos 180 km/hora, baixando para 160 km/hora na variante menos potente que dá entrada à gama.
Os carregamentos fazem-se em menos de 30 minutos a 145 kW em corrente contínua para a bateria de 52 kWh, e a 185 kW para a de 79 kWh; curioso é a de 77 kWh admitir a menor potência: apenas 135 kW!
Versão | Bateria | Autonomia | Preço |
Explorer 170 cv RWD | 52 kWh | 384 km | 45.838 euros |
Explorer Premium 170 cv RWD | 52 kWh | não indicado | 48.909 euros |
Explorer 286 cv RWD | 77 kWh | 602 km | 53.003 euros |
Explorer Premium 286 cv RWD | 77 kWh | 572 km | 56.073 euros |
Explorer 340 cv AWD | 79 kWh | 566 km | 60.108 euros |
Explorer Premium 340 cv AWD | 79 kWh | 532 km | 63.178 euros |
Um estilo único por fora e uma atmosfera a bordo muito própria distinguem o novo Ford Explorer da miríade de propostas equivalentes que disputam o segmento dos SUV compactos.
Do lado da condução, no entanto, não há grandes surpresas nessa experiência, como o Aquela Máquina constatou num ensaio montanhoso na serra de Sintra até ao Cabo da Roca, na zona da Grande Lisboa.
Afinal, o SUV adopta a plataforma MEB em que são montados diversos "eléctricos" do grupo Volkswagen, com chassis, baterias, motores e ligações ao solo equivalentes.
Mesmo assim, há pontos que o distinguem de forma superior, principalmente na variante Explorer Premium de 286 cv equipada com o acumulador de 77 kWh.
Sem suspensão adaptativa, mesmo como opção, sente-se um amortecimento mais rijo a baixa velocidade, que quase desaparece a ritmos mais elevados.
Num percurso cheio de curvas, a direcção é leve mas muito precisa, enquanto os movimentos laterais estão bem limitados; essa ideia está bem presente na agilidade com que curva… e sem sustos!
Passa-se ao modo Sport e a sensação melhora nitidamente, com o acelerador a passar ao solo uma potência muito generosa.
Todavia, não se pense que os 286 cv fazem deste SUV um puro desportivo, mesmo se a "corrida" dos zero aos 100 km/hora é cumprida em 6,4 segundos.
Deve antes jogar-se esse trunfo para garantir ultrapassagens rápidas, e não vê-lo como um convite para atacar curvas e contracurvas.
O poder de travagem é suficientemente tranquilizador mas é preciso não esquecer que se está com um SUV com mais de duas toneladas.
É aqui que se sente a falta das famigeradas patilhas no volante para regular a regeneração de energia, mas também essenciais para controlar todo aquele peso.
Apenas o modo B permite aumentar a sensação de "travagem do motor", mas activar esse modo no selector de marchas montado na coluna da direcção é muito pouco prático para uma condução mais emotiva.
Boa surpresa foi o consumo registado, abaixo dos 16 kWh/100 km – em auto-estrada deverão ser bem mais altos –, o que pode confirmar uma autonomia real próxima dos 450 quilómetros entre cargas.
Sem ser um "separador de águas" de águas dentro da sua categoria, o "atraso" no lançamento do novo Ford Explorer permitiu aproveitar o melhor do que os seus rivais oferecem.
Uma certeza é que esta variante Premium de 286 cv tem inúmeras e sérias qualidades a um preço muito competitivo face ao que existe no mercado nacional.
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