A União Europeia acaba de dar o "sim" à aquisição da Mitsubishi por parte da Nissan. Depois de um princípio de acordo entre as duas marcas japonesas ter sido anunciado no passado mês de Maio, a Nissan vai avançar para a conclusão do acordo que lhe vai garantir 34 por cento da Mitsubishi, num negócio que vai ascender aos 1.97 mil milhões de euros.
Este anúncio foi feito alguns meses depois da Mitsubishi ter admitido que manipulou resultados de testes para "apresentar" consumos mais baixos em determinados veículos. Este escândalo, que levou à saída do presidente Tetsuro Aikawa, acabou por representar uma oportunidade para a Nissan, que agora recebeu autorização da União Europeia para avançar para a compra.
E dizer que a Nissan vai comprar a Mitsubishi é o mesmo que afirmar que a Aliança Renault Nissan também vai crescer. E se Mitsubishi e Nissan já têm vindo a trabalhar em conjunto nos últimos, ainda não é certo como será feita a ligação à Renault. Contudo, Carlos Ghosn, CEO da Aliança Renault Nissan, já garantiu que juntamente com o anúncio oficial também irá revelar os planos detalhados que tem para esta parceria, admitindo ainda que os Estados Unidos são um mercado fundamental.
"Este não é um negócio em que podemos dizer: Ok, está feito, agora vamos pensar no que vamos fazer juntos", começou por dizer.
"Não. No dia em que anunciarmos o acordo, vamos dizer-vos exactamente o que vamos fazer juntos. E é enorme. É gigante entre Mitsubishi e Nissan. A também poderá vir a ser bastante significativo entre Renault e Mitsubishi", adiantou.
"Vamos ter de ‘forçar’ mais nos Estados Unidos. Quando pensamos em compras, engenharia, plataformas, motorizações, híbridos… é enorme", declarou.
A boa relação entre Nissan e Mitsubishi não é de agora, até porque a Mitsubishi fornece a Nissan com pequenos automóveis para o Japão há vários anos, mas Ghosn admitiu que quer ir mais longe e para isso a Aliança Renault Nissan será fundamental.
"A Mitsubishi vai juntar-se à aliança", disse.
"A aliança está relacionada com sinergias e nós sabemos que há muitas sinergias com a Mitsubishi e que estrategicamente temos muitas coisas em comum", concluiu.
Acordo também vai afectar o futebol
Com a aquisição da Nissan, a Mitsubishi terá que repensar várias coisas, nomeadamente a sua relação com a equipa de futebol japonesa Urawa Reds - que em 1990 se chegou mesmo a chamar Mitsubishi Motors -, que é controlada pela fabricante nipónica, que detém 50,6 por cento das acções.
Acordo também vai afectar o futebol
É que a principal liga japonesa, a J.League, tem uma regra que proíbe uma única entidade de controlar duas ou mais equipas na liga profissional de futebol e a Nissan é a principal patrocinadora e detentora (80 por cento) de outra equipa da Liga, os Yokohama F. Marinos.
Isto obriga a que alguém tenha de ceder, e por ceder entenda-se "desistir do futebol". E tudo aponta que seja a Mitsubishi a dar um passo atrás, vendendo a sua parte aos restantes investidores do clube, entre eles a autarquia de Saitama, cidade onde a equipa está instalada.