A Ferrari apresentou recentemente uma nova versão do seu modelo de quatro lugares, o
GTC4 Lusso, naquela que é uma estratégia de redução do tamanho do motor por via da utilização de um turbocompressor. Mas este novo modelo, que se vai chamar GTC4 Lusso T e que terá um V8 turbo de 3,9 litros, está longe de ser o primeiro "Cavallino Rampante" equipado com um turbo.
Tudo começou em 1981, quando a Ferrari introduziu o primeiro motor turbo na Formula 1 no monolugar (Ferrari 126CK) usado por Gilles Villeneuve e
Didier Pironi. E apesar deste motor só ter garantido duas vitórias (ambas de Villeneuve) no Mundial de F1 de 1981, nos anos seguintes a marca de Maranello continuou a apostar no motor V8 turbo para os seus modelos de estrada.
Contudo, com o final da produção do Ferrari F40, em 1992, também chegaria ao fim a utilização de turbos, que só voltaria a ser reposta 22 anos depois, com a introdução do California T.
Ferrari 208 GTB
208 GTB. Depois da estreia do 126CK com um motor V6 turbo no Mundial de F1, a Ferrari quis expandir os turbo ao seu catálogo de veículos de estrada e lançou o 208 GTB e o GTS Turbo em 1992. O 208 era uma versão de dois litros do 308 (surgiu numa altura em que s motores superiores a dois litros começaram a ser fortemente taxados), que havia sido lançado em 1975 para substituir o Dino, e contava apenas com 153 cv de potência quando foi lançado, em 1980, mas graças à utilização de um turbo a Ferrari conseguiu aumentar a potência para os 217 cv.
No final de 1985, quando a gama do 308 foi substituída pelo 328, surgiu um GTB Turbo e um GTS Turbo versão targa, que apesar de utilizarem o mesmo motor, debitavam 251 cv de potência, aproximando-se da versão 3.2 litros V8 naturalmente aspirada, que tinha 270 cv.
E por estranho que possa parecer ver um Ferrari a fazer rali, o 308 GTB chegou a ser desenvolvido pela Scuderia Michelotto para este efeito - muito por culpa das semelhanças deste motor com o usado no Lancia Stratos -, sendo que chegou mesmo a entrar no campeonato da Europa com o importador francês e com várias equipas italianas, bem como nos respectivos campeonatos nacionais. Jean-Claude Andruet chegou a alinhar no Rali Vinho Madeira com um destes modelos.
Ferrari 288 GTO
288 GTO. Lembrado como o primeiro supercarro da Ferrari, o 288 tinha por base o 308, mas ao invés de "juntar" apenas um turbo ao 2.9 litros V8, contava com dois, debitando 400 cv de potência.
Este 288 GTO precisava de apenas 5 segundos para passar dos 0 aos 100 km/h, números impressionantes para a época, mas mais incrível ainda seria a versão Evoluzione que iria surgir mais tarde, que debitava 600 cv.
Este 288 chegou a ser homologado para participar no mítico Grupo B da FIA, contudo, esta classe foi eliminada antes do GTO ser concluído. Porém, este modelo estaria na base de desenvolvimento daquele que se viria a tornar num dos Ferrari mais icónicos de sempre, o F40.
Ferrari F40
F40. O F40 ainda hoje é lembrado como um dos Ferrari mais marcantes da história da casa de Maranello. Com um motor de 471 cv em tudo semelhante ao usado no 208 GTB Turbo, este F40 contava com uma carroçaria que usava fibra de carbono, kevlar e alumínio.
O lendário F40 acabaria por ser substituído pelo F50, que contava com um V12 naturalmente aspirado.
Ferrari California T
California T. Passados 22 anos do final da produção do F40, a Ferrari voltou a apostar num motor turbo e lançou o California T em 2014.
Apesar de contar com um motor mais pequeno, de "apenas" 3.9 litros, este California T continuava a usar a mesma "receita" do F40, oito cilindros e dois turbos. Isto resultava numa potência máxima de 552 cv e um binário máximo de 557 Nm.
Ferrari 488 GTB
488 GTB. Fruto do fantástico trabalho no California T, a Ferrari apostou na mesma "receita" para o 488 GTB. Contudo, os engenheiros de Maranello conseguiram aumentar a potência para os 661 cv, melhorando os registos conseguidos com o F40 e com o California T. Com a chegada da versão Spider, o 488 passou a ser o primeiro Ferrari turbo a oferecer várias opções de carroçaria desde o GTB/GTS Turbo.
Mas este 488 também fica na história da Ferrari ao tornar-se o V8 mais rápido de sempre na pista de Fiorano (1 minuto e 23 segundos), ficando apenas atrás do F12 Berlinetta,
F12 TdF e LaFerrari, todos equipados com motores V12.
Ferrari GTC4 Lusso T
GTC4 Lusso T. Apresentado recentemente no
Salão Automóvel de Paris, o GTC4 Lusso T conta com uma proposta V8 turbo de 3,9 litros (o "grande" V12 de 6,3 litros e 689 cv vai continuar a ser vendido) que debita 610 cv de potência.
Ao contrário da versão V12, este GTC4Lusso T conta apenas com tracção traseira, opção que permitiu à Ferrari fazer uma "dieta" e poupar vários quilos no peso final. Isto permite que o novo "T" acelere dos 0 aos 100 km/h em 3,5 segundos (contra os 3,4 segundos do V12) e que ultrapasse os 320 km/h, sendo que o consumo médio anunciado pela casa de Maranello é de "apenas" 11,6l/100 km.
Este registo face ao GTC4 Lusso equipado com motor V12 é satisfatório e contraria quem afirma que a redução do tamanho dos motores tem impacto nas performances. Contudo, é seguro afirmar que os V12 naturalmente aspirados vão continuar a fazer parte dos planos da marca do "Cavallino Rampante".