Escândalo emissões: VW deve pagar aos europeus o mesmo que vai dar aos americanos

A Volkswagen não vê o fundo ao poço, no que respeita aos problemas levantados com a manipulação fraudulenta dos testes antipoluição. Todos os dias há novas notícias e quase nunca são boas… Quando as coisas começavam a acalmar para os lados dos Estados Unidos, com alguns acordos já estabelecidos, o resto do Mundo entra "em ebulição"…

Na Alemanha, o anterior presidente do Grupo VW, Martin Winterkorn, é já alvo de um processo-crime, bem como um dos seus vice-presidentes. Na Coreia do Sul, um dos principais executivos locais da VW foi detido. Da Noruega vem uma queixa por parte do maior fundo mundial de saúde (que detém 1,02% das acções da VW), contra a própria empresa e a forma como é ferida.

Perante todas estas dores de cabeça, a que a Volkswagen menos precisaria era ter a Comissária Europeia para a Indústria, Elzbieta Bienkowska, a defender que os consumidores europeus deveriam receber uma compensação semelhante à que será paga aos clientes norte-americanos! O acordo estabelecido nos Estados Unidos para pôr fim ao escândalo das emissões passa por a marca recomprar cerca de meio milhão de veículos com os motores equipados com o "software" fraudulento, além de dar uma compensação de cinco mil dólares (cerca de 4545 €) aos seus proprietários, numa conta que poderá totalizar os 10,3 mil milhões de dólares!

"A Volkswagen deveria, voluntariamente, pagar aos proprietários europeus uma compensação comparável à que vão pagar aos consumidores norte-americanos", defendeu a comissária Bienkowska ao jornal alemão "Welt am Sonntag".

O problema é que, na Europa, não estamos a falar de 500 mil carros mas de… onze milhões! A VW já assumiu que também irá retirar aquele "software" dos automóveis europeus, mas não prevê o pagamento de qualquer compensação, por considerar que os consumidores não sofreram quaisquer danos. Recorde-se que o "software" em causa falsificava ao dados dos óxidos de azoto (NOx), enquanto na Europa os impostos são pagos, essencialmente, sobre as emissões de dióxido de carbono (CO2).

No entanto, esse argumento parece não convencer Elzbieta Bienkowska: "Tratar os consumidores europeus de forma diferente dos americanos não é a melhor forma de recuperar a sua confiança", concluiu.