É uma verdadeira pedrada no charco no segmento dos SUV coupé até agora dominado pelas marcas premium.
Com o Arkana, a Renault é a primeira marca generalista a propor um modelo com essas características mas a um preço bem mais baixo.
Na base deste modelo está a plataforma modular CMF-B, também usada pelos actuais Renault Clio e Captur, mas mostrando argumentos bem diferentes, como é de esperar.
E o resultado final está muito bem conseguido, como o Aquela Máquina pôde comprovar ao volante no Arkana E-Tech 145 totalmente híbrido.
Primeiro modelo da ofensiva Renaulution, revelado no início deste ano pelo construtor francês, a linha estética revela o seu pendor francamente desportivo mas muito elegante.
O Arkana apresenta-se com 4.568 mm de comprimento por 1.821 mm de largura e 1.576 mm de altura. Os 2.720 mm de distância entre eixos oferecem um bom espaço a bordo para cinco ocupantes.
A bagageira, com 480 litros de capacidade na variante E-Tech de 145 cv que guiámos, dá-lhe o toque de um carro assumidamente para toda a família.
A bordo, seduziu a posição de condução mais ergonómica, e o painel de instrumentos e o ecrã multimédia ao centro mais modernos e visualmente mais atraente.
Os materiais dos bancos e dos revestimentos também são de boa qualidade, elevando o nível de conforto para além do pragmático.
A equipar a versão 100% híbrida está um motor a gasolina de 1.6 litros e quatro cilindros, de 92 cv e 148 Nm, aliado a dois motores eléctricos.
O primeiro trata-se de um e-engine de 36 kW (49 cv), e o segundo um gerador de arranque de 15 kW (20 cv), alimentados por uma bateria de 1,2 kWh.
O conjunto oferece uma potência combinada de 145 cv e 205 Nm, geridos por uma caixa de velocidades automática multimodo.
Quanto ao desempenho, tem uma velocidade de ponta de 172 km/hora, fazendo 10,8 segundos dos zero aos 100 km/hora, mais do que suficiente para um uso quotidiano.
De acordo com a Renault, esta motorização permite ao Arkana "trabalhar" em modo totalmente eléctrico até 80% do tempo de condução em cidade.
Não testámos essa capacidade porque o circuito desenhado para o ensaio, de Lisboa a Melides, compreendia um primeiro percurso em auto-estrada até à Marateca.
Nada a apontar no desempenho ao mostrar-se muito confortável e preciso na condução, embora modesto nas acelerações, já que o principal alvo é a poupança de combustível.
E essa valência verificou-se bem no painel de instrumentos: um consumo médio em redor dos cinco litros por cada cem quilómetros, que subiu aos 6,5 litros em regimes mais altos.
Foi no IC 1 até Alcácer do Sal, no entanto, que se perceberam de forma mais notória algumas limitações desta motorização.
Numa estrada rápida mas com muito trânsito, com os camiões a reinarem e poucos locais seguros para ultrapassar, percebeu-se alguma lentidão na engrenagem das relações.
É preciso antecipar essas manobras e "lançar" o Arkana para um regime mais elevado, algo a que não é alheio os seus 1.510 quilos.
Importante, neste caso, é controlar a carga da bateria que alimenta os propulsores eléctricos, para que a potência não baixe de forma clara, embora ela seja recarregada a ritmo constante.
Mesmo assim, e embora se sinta o esforço do motor, o SUV coupé saiu-se bem no exame geral sem riscos de maior.
E, mais uma vez, gostámos da poupança de combustível, ainda mais agradável ao notarmos no placard de um posto de abastecimento o preço da gasolina em 1,759 euros por litro.
Num piso degradado como está o IC1 – há vários troços muito mal tratados –, as deficiências foram bem absorvidas pela suspensão, embora sem ser de forma brilhante.
Em termos de comportamento, num percurso repleto de curvas rápidas, mostrou-se dinâmico no ataque sem que se sentisse a carroçaria a adornar.
A direcção, firme e precisa, dá uma boa sensibilidade na condução, e os movimentos laterais da carroçaria são contidos de forma eficaz, apesar do seu peso.
O habitáculo também não é invadido pelos ruídos exteriores de rolamento e do motor a uma velocidade regular, o que torna a viagem muito mais agradável.
Em jeito de conclusão, esta variante 100% híbrida tem argumentos que o colocam na linha da frente para quem queira um SUV coupé a preços mais acessíveis.
Os argumentos são muito positivos para um uso quotidiano, principalmente ao nível dos consumos, e oferece uma boa dinâmica de condução.
Claro que não tem um cariz tão desportivo como as suas linhas estéticas apontam mas não será por esse lado que deixará de ser uma proposta a ter em conta.
O Renault Arkana E-Tech 145 já pode ser encomendado, com preços a partir de 35.200 euros.
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