O mais famoso caso de corrupção que abalou o mundo automóvel ficou conhecido como ‘Dieselgate’. A Agência de Protecção Ambiental dos Estados Unidos anunciou, em Setembro de 2015, que a Volkswagen utilizava um software ilegal para manipular as emissões de óxido de azoto (NOx) durante os testes de níveis de poluição. Os automóveis, que deveriam cumprir os padrões impostos para diminuição dos gases poluentes, apresentavam na realidade 40 vezes mais NOx que nos testes.
Um estudo publicado pela conceituada revista ambiental Nature, revela que das 107.600 mortes prematuras atribuídas a emissões NOx em 2015, cerca de 38 mil devem-se a emissões que ultrapassariam o limite estabelecido legalmente. Para este estudo foram analisados os veículos a diesel, ligeiros e pesados, de 11 regiões do mundo, incluindo os 28 países na União Europeia.
"As emissões de NOx em excesso provocadas pelo diesel são todas as emissões resultantes de condições reais de condução que ultrapassam os limites das certificações. As emissões em excesso podem resultar de muitas razões, incluindo a má calibração no motor, falhas no equipamento, manutenção desadequada, manipulação pelos proprietários dos veículos ou uso deliberado de dispositivos manipuladores", explicou Susan Anenberg, investigadora na empresa consultora norte-americana Análises ao Ambiente e Saúde.
Só na União Europeia, estima-se que 28 mil pessoas tenham morrido prematuramente devido aos gases poluentes provenientes de veículos diesel, mais de 11 mil dessas mortes são atribuídas aos níveis excessivos de NOx. Na Europa, a Volkswagen distribuiu 8,5 milhões de carros com o software de manipulação ilegal de emissões, entres os 11 milhões entregues mundialmente. O grupo alemão poderia ter evitado cerca de 38 mil mortes se tivesse cumprido os regulamentos exigidos de controlo de emissões poluentes.
O software da fabricante alemã comandava uma injecção de ureia que, ao reagir com os NOx, reduzia as suas emissões nos testes. Algo que não iria acontecer em estrada.