A dois meses do salão de Frankfurt, onde terá uma dos maiores "stands", com um pavilhão só para si e para as restantes marcas do seu grupo, Mini e Rolls-Royce, a BMW começa a dar sinais de descrença no interesse dos grandes salões automóvel para os seus objectivos!
É, pelo menos, o que se pode inferir das declarações de uma das suas vice-presidente, Hildergard Wortmann que, à revista britânica "Autocar" afirmou:
"Como sempre, tem tudo a ver com a relação entre custos e retorno. Temos de revê tudo o que andamos a fazer, pois há alguns salões que não atraem os públicos correctos nem nos dão as oportunidades perfeitas".
Cada presença de uma marca da dimensão da BMW num dos grandes salões (Frankfurt, Genebra, Paris, Detroit, mas agora também Xangai e Los Angeles) pode custar vários milhões de euros. Verbas que as marcas começam a canalizar para outras acções mais específicas em que atingem mais directamente o seu público-alvo, nomeadamente através da Internet e das redes sociais em particular…
O futuro dos grandes salões internacionais começa, assim, a ser mais fortemente equacionado, mas não é por causa desta posição, ainda dúbia, agora assumida pela BMW. Recorde-se que já no último salão de Paris houve muitas marcas de grande importância a primar pela ausência: Ford, Volvo, Mazda foram as mais notadas entre as de maior volume, mas também não estiveram construtores de "sonhos" como Bentley, Lamborghini, Rolls-Royce, Aston Martin, McLaren, Lotus ou Bugatti.
E no próximo salão de Frankfurt, o maior a nível mundial em termos de área de exposição, há várias ausências de grande vulto confirmadas há longos meses: Nissan, Volvo, Peugeot, DS, Fiat, Alfa Romeo, Mitsubishi, Jeep e Infiniti. Uma nova realidade que se tem precipitado a uma velocidade estonteante e que colocará novos desafios aos promotores dos grandes certames internacionais…
Para mostrar que esta movimentação não começou agora mas que se está a "agravar" e que começa a notar-se uma tendência nítida para as grandes marcas colocarem em causa os seus investimentos em muitos dos salões automóveis ditos tradicionais, recuperamos aqui algo que foi escrito neste mesmo site… em Agosto de 2016:
"Até há bem pouco tempo, o calendário normal previa três salões grandes por ano: Detroit, Genebra e, em alternância, Frankfurt ou Paris. Detroit está a sofrer forte concorrência de Los Angeles e Nova Iorque. E a Europa parece começar a sofrer… com a perda da dimensão relativa do seu mercado, face ao total mundial pelo crescimento da China e da importância de salões como Pequim e Xangai. Correrá a Europa o risco de, num futuro mais ou menos próximo, ficar reduzida a um grande salão automóvel em território… neutro, o de Genebra?". Tudo continua a apontar nesse sentido…