É um dos projectos estratégicos da Ferrari no desporto automóvel: regressar em grande estilo ao Mundial de Resistência, uma competição onde a cavallino rampante teve alguns dos seus momentos mais gloriosos.
A insígnia italiana já revelou o novo 499P, o híbrido com que irá enfrentar a Toyota, Glickenhaus, Peugeot, Porsche e Cadillac na categoria Le Mans Hypercar (LMH).
A estreia oficial aconteceu este fim-de-semana no circuito de Imola, na Finali Mondiali da Ferrari, perante 38 mil telespectadores.
O Ferrari 499P é o primeiro carro oficialmente inscrito pela marca transalpina na categoria principal do Campeonato Mundial de Endurance (WEC) desde 1973.
Idealizado e desenvolvido dentro de portas, o principal objectivo está há muito definido: conquistar as 24 Horas de Le Mans.
"O desenvolvimento foi uma verdadeira corrida de resistência", explicou Antonello Coletta, responsável pelo projecto Hypercar da Ferrari. "E é também um compromisso de longo prazo para com esta competição".
Ao contrário da Porsche ou da Cadillac, a Ferrari optou pelos regulamentos da categoria LMH, o que lhe deu uma larga liberdade técnica ao projecto.
Essa opção é bem visível nas linhas muito fluidas do 499P, a começar pelos faróis LED muito delgados e pelo enorme lábio inferior.
A área lateral reforça o dinamismo do notável tratamento aerodinâmico na traseira, com uma destacada "barbatana de tubarão" e um grande extractor.
O chassis assenta numa estrutura monocasco em fibra de carbono, com o motor a apoiar-se na arquitectura do sistema motriz do Ferrari 296 GTB.
Significa uma evolução do bloco V6 de 3.0 litros, com injecção directa e num ângulo aberto de 120° mas muitos dos seus elementos foram alterados, a começar pelo turbocompressor.
Ao motor térmico está associado um propulsor eléctrico de 200 kW (272 cv) e uma bateria de 900 volt, com o primeiro a mover o eixo traseiro e o segundo as rodas dianteiras.
A potência combinada está limitada a 500 kW (680 cv), de acordo com os regulamentos da FIA, com a sua passagem às quatro rodas a fazer-se através de uma caixa sequencial de sete relações.
A Ferrari salienta, no entanto, que o V6 é completamente novo face ao que equipa o 296 GTB porque a rigidez e a potência necessárias para as provas de resistência não são as mesmas para um estradista.
Pequeno, leve e muito compacto, este bloco térmico torna-se, assim, uma vantagem para a óptima distribuição do peso e do centro de gravidade do bólide.
Há vários elementos que ligam o Ferrari 499P ao passado e não é apenas pela designação numérica, derivada da cilindrada unitária do motor (499 centímetros cúbicos por cilindro), com a letra a significar "protótipo".
É uma combinação frequentemente utilizada pela insígnia de Maranello que marca o seu passado distante na disciplina.
O vermelho da carroçaria cortado pelas faixas amarelas atira de imediato para o Ferrari 312P com que a construtora correu pela última vez, em 1973, nas 24 Horas de Le Mans.
Dois exemplares do Ferrari 499P farão a estreia nas 1000 Milhas de Sebring, prova que irá acontecer nos Estados Unidos em Março de 2023.
A 10 e 11 de Junho será a vez das 24 Horas de Le Mans, a coincidir com o centenário da clássica prova de resistência no circuito de La Sarthe.
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