A Lancia, marca italiana que gozou de enorme prestígio ao longo de inúmeras décadas, com fortíssima imagem construída de dezenas de sucessos nos ralis do Mundial, está por um fio… E só o estranho sucesso que o único modelo que actualmente comercializa vai conhecendo em Itália a salva da morte anunciada.
No panorama automóvel, a Lancia é actualmente um caso único, embora não pelas melhores razões: não há nenhuma outra marca que, de momento, comercialize… um único modelo, como sucede com a marca italiana que pertence ao grupo Fiat Chrysler Automobile (FCA) que apenas vende o Ypsilon. Não deixa, aliás, de ser de uma fina ironia que ainda no salão de Genebra tenha apresentado uma série especial do Ypsilon a que chame… Unyca!
Em 2016 a Lancia vendeu, em Portugal, 35 unidades quando, em 2000, vendera 2613, o dobro da Alfa Romeo… O total desinvestimento na marca e a falta de produto fez com que a Lancia fosse morrendo aos poucos, apenas ainda existindo por um fenómeno de sobrevivência pura no mercado interno: com 66 mil unidades vendidas no ano passado, o Ypsilon ainda é o segundo modelo mais popular em Itália, a seguir ao Fiat Panda! Um resultado que faz com que a Lancia, em Itália, só com um modelo, venda mais que qualquer das três marcas "premium" alemãs e… o dobro da Alfa Romeo!
O seu futuro parece, contudo, traçado, depois das recentes palavras de Sergio Marchionne:
"Tenho imensa pena de não poder financiar o relançamento da Lancia, mas nunca vi um projecto convincente desta marca e com potencial ganhador. Prefiro concentrar-me na Alfa Romeo e deixar ficar a Lancia, mesmo se me sinta muito ligado ao seu nome. Eu próprio comprei recentemente um velho Delta Integrale, mas refazer hoje algo à sua altura não é imaginável…".
Estas palavras são quase uma sentença de morte à marca fundada por Vincenzo Lancia, em Turim, em 1906. Acabou, pois, de comemorar os 110 anos… Especializada desde o início no fabrico de veículos de luxo mas também de versões desportivas, seria vendida ao industrial dos cimentos Carlo Pesenti em 1958 que acabaria por a passar ao Grupo Fiat, em 1969.
Apesar de não se mostrar disposto a investir na recuperação da centenária marca, Marchionne afasta, contudo, o cenário de vender a Lancia. A marca de Turim continua, assim, sem futuro à vista e com um presente agarrado por um ténue fio que depende apenas do sucesso que o Ypsilon continue a ter no mercado italiano!