Na passada semana
demos-lhe conta de uma colecção de doze automóveis avaliados em 2,4 milhões de euros que estavam guardados num "castelo" suíço e que agora foram parar às mãos da leiloeira Bonhams. Mas porque se tratava de uma história envolta em secretismo e porque ninguém se esquece simplesmente de um conjunto de carros que valem milhões dentro de um armazém, fomos à procura de saber o que realmente aconteceu.
Esta colecção de automóveis pertencia a Rolf Erb, filho de Hugo Erb, que em tempos foi o maior importador de automóveis do mercado automóvel suíço e fez império com o negócio do café. Porém, em 2003, a gigantesca "holding" da família Erb, o "Winterthurer Erb Group", abriu falência. Foi o segundo maior caso do género na história do país helvético, o que só por si já atesta bem da dimensão da "história". Tudo aponta para que os "estragos" feitos representem cerca de 2,8 mil milhões de euros.
Erb, que na altura da falência era o CEO da empresa, foi acusado de corrupção mas "atirou" as culpas para cima do pai… já falecido. Porém, o supremo tribunal de Zurique não teve dúvidas e, em Janeiro de 2014, condenou Rolf Erb a uma pena de sete anos de prisão por fraude comercial, falsificação de documentos e múltiplos danos a credores.
Desde então, e porque a tentativa de Rolf Erb de passar todos os seus bens para outros elementos da família saiu fracassada, o estado suíço apoderou-se (entre outras coisas) do castelo de Eugensberg (na imagem acima) e da colecção de 12 automóveis. Segundo investigámos, a colecção inicial tinha 14 veículos, sendo que um Maserati Bora e um Ferrari 400i já tinham sido vendidos antes de tudo isto acontecer.
Aparentemente, os automóveis parecem estar em excelente "forma". Contudo, algumas pessoas que contactaram de perto com a colecção revelaram-nos que serão mais as aparências e que alguns daqueles carros já viram melhores dias… Até porque, quando os problemas financeiros começaram a afectar a família Erb, os automóveis deixaram de receber a atenção devida e, em vez de serem totalmente restaurados, eram apenas alvo de meros "remendos". Outro dos problemas era a elevada humidade da garagem do "castelo" onde foram encontrados que provocou alguns danos nos interiores…
Um dos casos mais evidentes é o do Mercedes 300 SL, exemplar de 1958, que esteve envolvido num acidente e que não foi correctamente reparado. O choque foi violento e, apesar do arranjo, o Mercedes nunca mais voltou a ser o mesmo. As nossas investigações dizem-nos que o chassis ficou algo comprometido e a geometria desalinhada.
Isto, juntamente com o facto de Erb querer alterar a pintura e os interiores da maioria dos seus automóveis - a sua configuração de eleição era a carroçaria azul e o interior em pele bege - ajuda claramente a explicar o porquê da avaliação da Bonhams (2.4 milhões de euros) ser tão "curta", uma vez que em condições normais esta colecção poderia render bastante mais. Só nos dois Rolls-Royce mais antigos, um de 1921 e outro de 1934, e no Mercedes 300 SL Rolf Erb não tocou nos materiais originais…
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inda assim, convém recordar que estes 2,4 milhões de euros são uma mera estimativa por parte da leiloeira, embora seja o limite máximo previsto. O mesmo é dizer que, no dia 21 de Maio, quando estes 12 automóveis forem a leilão no evento Spa Classic Sale, na pista de Spa-Francorchamps, os valores poderão ir além desta estimativa…
Quanto a Rolf Erb, soubemos que recentemente tentou suspender a sua pena de prisão, alegando tendências suicidas e que, por isso, não poderia ficar sozinho num espaço fechado. Porém, e apesar de o tribunal ter confirmado a veracidade das informações, concluiu que existem formas de manter esses comportamentos controlados, confirmando que Erb deverá cumprir a sua pena até final.
Resta-nos agora aguardar pelo próximo dia 21 de Maio para assistir ao último capítulo desta história, altura em que vamos ficar a saber ao certo com quantos milhões se conta esta história.