A partir de 1 de Setembro, os automóveis vendidos na Europa têm de estar homologados de acordo com o novo ciclo de consumos (ditos reais) e emissões WLTP, um sistema muito menos permissivo do que o actual NEDC.
Esta situação é transversal a todos os países da União Europeia, mas ainda é mais gravosa em Portugal, onde a fiscalidade é pesada face às emissões de CO2 e essas serão sempre mais elevadas com o novo ciclo WLTP.
A nível europeu, a situação é grave para muitas marcas, e há quem esteja preparado para retirar do mercado algumas motorizações. A situação da VW é difícil e, se o Golf GTI vai passar à história (para já), a marca alemã terá muitos problemas para resolver. E não será a única.
A Renault vai descontinuar o Twingo GT e o Mégane GT, para além de outras motorizações, e outros construtores vão seguir o mesmo caminho. É possível recondicionar estes motores para as novas normas, mas é tão caro que limita a rentabilidade do negócio.
Este problema não fica pelos motores mais dinâmicos. Também passa pelos de menor e maior cilindrada, uma situação que provoca uma grande incerteza no lado dos construtores, que estão preparados para uma recessão das vendas. O aumento de preços vai condicionar o mercado nos próximos tempos, embora haja marcas como a Citroen e a Peugeot que podem passar ao lado, mas nem isso é seguro.
BOAS OPORTUNIDADES. Neste cenário, as marcas estão obrigadas a libertar-se dos stocks existentes e estarão disponíveis para negociar os preços de veículos que vão ficar muito mais caros. Há situações em que o aumento pode chegar aos 30%.
Por isso, as próximas semanas podem permitir realizar bons negócios. Os concessionários vão tentar despachar todos os veículos que ficam sob a alçada do aumento de preço com a alteração da homologação NEDC para WLTP.
Quem não vender esses stocks será obrigado a matricular (e pagar as taxas) antes de 1 de Setembro, para vendê-los posteriormente como carros "quilómetro zero" por um valor naturalmente inferior, o que representa um investimento que em alguns casos pode ser avultado.
Por isso, quem vende está receptivo a negociar o preço e, quanto mais elevado for o preço, mais fácil será garantir uma boa oportunidade de negócio.
Aliás, cada caso é um caso, porque mesmo os automóveis híbridos do tipo "Plug in" podem vir a ser afectados. As novas normas WLTP exigem uma autonomia em modo 100 por cento eléctrico de 40 km (esse valor vai aumentar em breve) e algumas propostas que eram vistas como "ecológicas" vão perder esse estatuto.
Setembro está aí à porta e ainda não há dados exactos sobre o que se vai passar, mas uma coisa é certa: para o mercado não vai ser nada bom...