Que bicho terá mordido Sergio Marchionne?!... É, de facto, um começo algo estranho, quase agressivo, para se tratar do patrão de um dos maiores conglomerados da indústria automóvel a nível mundial. Mas as mais recentes jogadas do patrão da FCA (Fiat Chrysler Automobile) são, no mínimo, estranhas, numa espécie de jogo de "toca-e-foge" particularmente invulgar a este nível…
Já se percebeu que as coisas não andam a correr particularmente bem para os lados da FCA, com as vendas da Chrysler a abrandarem assustadoramente e o grupo a ser sustentado, essencialmente, pelos bons números da marca Jeep tanto no mercado interno (norte-americano) como nos internacionais, pelos dinheiros provenientes dos ganhos em bolsa com a Ferrari e pela "performance" comercial dos vários Fiat 500 que parece não ter fim. Mas que há um problema isso é inegável…
Daí que Marchionne tenha tentado uma aproximação à General Motors pensando que, com dinheiro fresco recebido da
venda da Opel ao Grupo PSA, o outro gigante norte-americano poderia estar interessado em absorver a FCA. Mas a GM afastou logo essa hipótese e Marchionne virou-se para outro lado, deitando o "isco" ao Grupo VW, dizendo que fazia todo o sentido haver uma fusão entre as duas companhias e mostrando interesse no negócio.
Acabaria por ter de dar o dito por não dito, com uma clarificação, depois de o patrão do Grupo VW, Matthias Müller, ter alinhado no "bluff" dizendo que seria uma hipótese mas deixando o recado:
"Seria muito mais útil se o sr. Marchionne me comunicasse as suas considerações directamente a mim e não apenas aos jornalistas".
O italiano teve de vir a terreiro dizer que, afinal, não tinha qualquer interesse em fazer uma fusão entre a FCA e o Grupo VW…
"Eu apenas disse que se fosse o construtor n.º 1 da Europa e alguém se tivesse juntado a outro construtor para se tornar o segundo e ficasse muito perto, a primeira reacção seria aumentar a distância para o segundo. E que nós éramos o único parceiro natural para alguém que o queira fazer". A que acrescentaria:
"Eu não vou atrás da VW, apenas disse que seria uma boa ideia. E não, não vou ligar ao Matthias".
No meio deste "avança-recua", Sergio Marchionne conseguiu ainda dar uma forte bicada numa das marcas emblemáticas que fazem parte da esfera do Grupo VW, ao referir-se com desdém… à Lamborghini! "Com todo o respeito pelo Stefano [Domenicalli, presidente da marca]
, as pessoas só compram Lamborghini porque não conseguem comprar Ferrari". Digamos que não é uma forma muito polida de "cortejar" um possível parceiro de negócio…
Já agora, e por curiosidade, Frank Sinatra, que saberia bastante mais de música do que de automóveis, certamente, tinha uma opinião bem diferente quando dizia:
"Compra-se um Ferrari quando se quer ser alguém na vida, compra-se um Lamborghini quando se é alguém na vida!". Mas quem era Sinatra para falar de automóveis?!...