É chegada a hora para a mais recente obra de arte promovida pela BMW fazer a sua… estreia nas pistas! Seguindo uma tradição da marca bávara que lançou o primeiro "Art Car" há 42 anos, muito deles são feitos não apenas como obras de arte mas para se destacarem nas pistas, nas corridas mais famosas do Mundo. E o "Art Car" concebido pela artista chinesa Cao Fei, com base no M6 GT3, terá o seu baptismo de pista, esta semana, no Grande Prémio de Macau.
Uma corrida particularmente importante desde que, em 2015, se tornou na Taça do Mundo de GT, atraindo equipas oficiais e alguns dos melhores do Mundo da categoria. Neste caso, será o brasileiro Augusto Farfus a ter a honra de conduzir o novo "Art Car" da BMW que estará entregue à equipa Schnitzer, a escuderia com mais vitórias (13) no difícil traçado macaense. Para Farfus será a segunda vez este ano que guiará um "Art Car" depois de, em Janeiro, ter guiado nas 24 Horas de Daytona um BMW M6 GTLM pintado pelo artista norte-americano John Baldessari.
Desta vez, contudo, este "Art Car" deixará muitos sobrolhos franzidos porque, olhando para o BMW M6 GT3, só se vê um carro totalmente negro mate, como se fosse um caça furtivo… Porque, ao contrário do que aconteceu até aqui, a artista Cao Fei não olhou para o automóvel como uma tela mas como um elemento fundamental de algo muito maior… mas que nem todos poderão ver. Será um "Art Car" algo elitista, é verdade, mas não tem a ver com a capacidade financeira do observador, antes com a possibilidade de o ver ao vivo e de utilizar uma aplicação gratuita que se obtém na App Store (BMW Art Car #18).
Porque sendo Cao Fei uma artista multimédia, decidiu criar uma realidade paralela onde o BMW M6 GT3 é colocado, adoptando uma forma de expressão única nos 42 anos de história dos "Art Cars" da marca alemã. Activando a aplicação e apontando para o carro entra-se numa "terra de ninguém", atravessada por carros e aviões autónomos, nuns efeitos de luz e cor surpreendentes.
No fundo, a obra de arte é composta por três partes: um vídeo que pretende simular uma viagem espiritual no tempo, ligando a sabedoria ancestral asiática à desenfreada aceleração tecnológica do terceiro milénio; a realidade aumentada proporcionada pela tal aplicação e que "pinta" toda a parte acima do carro de partículas coloridas; e o próprio M6 GT3 na sua base de fibra de carbono, naquele negro que não reflecte. E é o espectador que, através dos seus movimentos e da aplicação, consegue interagir com o carro, provocando os mais variados efeitos visuais.
Poderá não ser o mais consensual dos "Art Cars" mas é, sem dúvidas, um dos mais originais e pensados "out of the box"! Foi há 42 anos que o piloto francês e leiloeiro, Hervé Poulain, achou por bem convidar artistas de nomeada para pintar directamente nos BMW de competição como se de telas se tratassem, ideia prontamente acarinhada pelo director da BMW Motorsport da altura, Jochen Neerpasch.
Os primeiros quatro carros foram pintados por nomes grandes da história da arte contemporânea como Alexander Calder, Frank Stella, Roy Lichtenstein e Andy Warhol. O exercício artístico não mais parou, apenas com uma interrupção maior entre 1999 e 2007, embora quase sempre com modelos de estrada, tendo voltado ao espírito inicial com o BMW M3 GT2 espectacularmente desenhado por Jeff Koons e que correu nas 24 Horas de Le Mans de 2010. O carro de Cao Fei é o 18.º Art Car por o projecto ter sido lançado primeiro, já que o de John Baldessari que correu em Daytona é considerado… o 19.º.
