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Vale a pena optar por um automóvel eléctrico?

09:18 - 23-05-2016
 
 Vale a pena optar por um automóvel eléctrico?
Agora que os preços dos combustíveis dispararam de novo, a questão volta a ser oportuna: valerá a pena comprar um automóvel eléctrico? A esta pergunta há várias respostas, conforme o prisma por que se encare o problema.

Por um deles é fácil e é rápido: precisa de um carro que lhe faça longas viagens, a sua vida leva-o a percorrer mais de 200 km por dia, especialmente em auto-estrada? Esqueça, então, o automóvel eléctrico (ainda) não é para si, mesmo as versões mais recentes com autonomias já alargadas para um pouco acima dos 200 km não o deixarão bem servido e andará sempre com o credo na boca, sem saber se a bateria aguentará a carga… de quilómetros que precisa de fazer nesse dia.

Se, pelo contrário, tem uma utilização muito constante e controlada, sabe bem quantos quilómetros faz a cada dia, mais coisa menos coisa, então já será interessante fazer algumas contas. É certo que a opção por um automóvel eléctrico lhe irá limitar muito a viagem de férias, não só pela autonomia limitada mas pela falta de pontos de recarregamento das baterias: não só o plano original da rede pública não foi concluído, como os postos já instalados estão, fruto de um grande desinvestimento nos últimos anos, muito degradados e muitos deles fora de serviço…

O que se ganha e o que há a aprender

Ainda assim, vejamos o que um automóvel eléctrico pode oferecer na utilização do dia-a-dia que aprenderá rapidamente a apreciar: uma suavidade de utilização e um silêncio que não encontrará em nenhum outro carro; uma aceleração ao acender do semáforo verde que chega a ser surpreendente; uma facilidade de uso muito agradável, já que todos os modelos têm simples caixas automáticas, em que só tem de escolher se quer andar para a frente ou para trás.

Complicações extra que o poderão atrapalhar nos primeiros tempos: o automóvel eléctrico conduz-se de maneira um pouco diferente, mais em antecipação, levantando-se o pé do acelerador o mais depressa possível, deixando-o rolar e ser o motor a travar, para regenerar a energia e recarregar a bateria como se estivesse… a encher o depósito; há que gerir com cuidado o estado da bateria, programando bem os percursos a fazer em cada dia, em função do que é suposto ainda andar e da carga disponível; e há que ter o cuidado de o carregar à noite, antes de ir dormir, para estar com a bateria carregada antes de um novo dia.

Aqui, convém chamar a atenção para uma das limitações óbvias dos automóveis eléctricos: se não tem garagem, a sua utilização torna-se bastante mais complexa, ficando dependente exclusivamente dos postos públicos…

Vamos então às contas…

Peguemos nos dois exemplos mais populares no nosso mercados, o Renault Zoe (23.980 €) e o Nissan Leaf (24.565 €), embora ambos com interessantíssimas ofertas promocionais que os deixam com preços muito competitivos. Ou seja, é de aproveitar o esforço que as marcas estão a fazer para promover a mobilidade eléctrica, com descontos… brutais: a Renault oferece 6750 €, sendo 4500 € da marca e 2250 € de incentivo ao abate de veículo com mais de 10 anos, o que baixa o preço do Zoe para 17.230 €; no caso da Nissan, o corte no preço faz com que o Leaf fique por 21.065 €.

Estamos, pois, a falar de valores muito interessantes, em especial por se tratar de automóveis já com níveis de equipamento muito razoáveis. Saiba, contudo, que aqueles valores não incluem as baterias dos carros que são alugadas, obrigando ao pagamento de 79 € por mês (em qualquer dos casos), verba que já tem de entrar para os cálculos da utilização diária.

Mas é precisamente aqui que o automóvel eléctrico leva a palma aos carros, digamos, convencionais, e até podemos tomar como referência os Diesel que gastam menos e de um combustível mais barato, o gasóleo. Por exemplo, carregar os 22 kWh da bateria do Zoe, no período de vazio (ou seja, com a tarifa mais barata) custa 1,98 € e isso permite percorrer, sem dificuldades de maior, cerca de 200 km, ou seja, um custo de 0,99 €/100 km. Com o gasóleo a 1,21 €/litro, isso seria o equivalente a um Diesel gastar… 0,82 l/100 km! Por aqui se vê como, em utilização, o preço por quilómetro do carro eléctrico é muito mais baixo! Já para não falar que, por enquanto, os carregamentos nos postos públicos continuam a ser gratuitos!

Claro que é preciso contar com os 79 € mensais do aluguer das baterias, mas isso não chega a dois depósitos de gasóleo de um pequeno familiar… Além de que o carro eléctrico não paga Imposto Único de Circulação e, em Lisboa, comprando anualmente o selo verde à Emel (12 €) pode estacionar onde quiser sem pagar!


São, de facto, muitas as vantagens de um automóvel eléctrico, a que se juntam a menor manutenção – há muito menos peças mecânicas e os travões quase não sofrem desgaste – e o maior conforto e facilidade de utilização. Assim a sua vida se coadune com a autonomia ainda limitada deste tipo de veículos e possa dispor de uma garagem onde o carregar a cada noite. Mas verá que é um mundo novo que se abre!
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