Os enormes robots que, num bailado sincronizado, vão colocando e soldando peças ou pintando e polindo carroçarias nas fábricas de automóveis são uma imagem já banalizada de décadas. Mas… e se esses robots ganhassem a capacidade de se mover pela fábrica, decidindo eles próprios qual a tarefa mais correcta a desempenhar a cada momento?!
De início esta visão pode até arrepiar-nos um pouco mas é nisso que estão a trabalhar técnicos da Volkswagen, integrados num programa mais vasto, que engloba outras indústrias, denominado Industry 4.0.
"A ideia é termos um robot sobre rodas e com alimentação própria de electricidade que, não estando fixo e tendo a capacidade de decidir o que fazer a cada momento, se possa deslocar para desempenhar a tarefa mais importante", explicou Fabian Fischer, um dos responsáveis pela unidade de pesquisa da VW para os materiais e produção.
A ideia foi revelada numa conferência em Xangai, onde Fischer adiantou que os estudos se iniciaram em 2013 e que estão a avançar rapidamente. A VW construiu já um protótipo de um automóvel em que cada componente tem um chip ou um código de barras para que seja identificável pelos robots.
As vantagens desta enorme revolução na produção automóvel – mas que ainda demorará mais quatro ou cinco anos a estar pronta – são várias. As mais óbvias são a flexibilidade, rapidez e redução de custos de produção, crucial para uma marca como o Grupo VW que faz 280 modelos em 115 fábricas para 12 marcas distintas! Mas também o menor tempo de reacção num mercado em permanente movimento:
"O primeiro Golf teve um ciclo de vida de nove anos, de 1974 a 1980, enquanto o Golf 6 teve apenas quatro anos e há modelos nos Estados Unidos que apenas têm dois anos", recordou Fischer.
Aquela maior flexibilidade permitirá também facilitar e alargar as possibilidades de personalização e individualização dos automóveis. Além de contribuir para um maior controlo da eficiência energética da própria fábrica.
Mas como não há bela sem senão, logo foram levantadas algumas dúvidas e nuvens negras acerca desta futura "emancipação" dos robots. A primeira e mais óbvia é a redução de postos de trabalho que ela implicará nas futuras fábricas. A segunda e tão ou mais preocupante é o aspecto da segurança e um ambiente em que as máquinas terão de comunicar entre si, num sistema que nunca será totalmente à prova de ataques informáticos…