O Jaguar XF é uma proposta à medida do segmento Premium, até aqui dominado pelos três construtores alemães (Audi, BMW e Mercedes). Mais do que uma nova alternativa, é uma abordagem interessante ao universo dos automóveis de prestígio, com argumentos próprios que têm tudo a ver com a tradição da marca britânica.
DESIGN. Esta berlina com 4,95 metros de comprimento assume a imagem de marca que nasceu com os desportivos F-Type e evoluiu com o XE, criando a nova identidade da Jaguar, que hoje também é extensível ao SUV F-Pace.
A modernidade tecnológica passa pela utilização intensiva de alumínio no chassis e na carroçaria, o que permite reduzir o peso e pagar dividendos ao nível das performances, bem como na redução de consumos e emissões de poluentes.
HABITÁCULO. Ao nível da habitabilidade o XF oferece o que se espera de um automóvel deste segmento, sobretudo ao nível do espaço para os ocupantes dos bancos traseiros e tem uma bagageira tão volumosa (540 litros) como a do Mercedes Classe E e ligeiramente maior do que a do Audi A6.
Mas a este nível a evolução tem sido muito rápida, e o aparecimento dos novos BMW e Mercedes ultrapassou a imagem algo conservadora do interior do modelo britânico, onde a qualidade dos materiais não brilha da mesma forma como acontece nos modelos alemães. É basicamente uma questão de imagem, porque ao nível da qualidade, posição de condução e conforto, não há nada a dizer. Mas "os olhos também comem"...
MOTOR. Neste segmento (e não só) os diesel são os mais procurados e a Jaguar tem propostas 20d com 163 e 180 cv e 25d com 240 cv, para além do 3.0V6 de 300 cv. Ensaiámos a versão equipada com o motor 2.0d de 180 cv, que está ligeiramente abaixo da potência disponível nas propostas equivalentes da Mercedes (194 cv), Audi e BMW (190 cv).
Já ouvimos tantas críticas ao nível do ruído do motor como elogios à insonorização, mas mesmo de janela aberta o ruído do motor não tem aquela batida metálica "estilo táxi". A nós não incomoda...
AO VOLANTE. A posição de condução merece tantos aplausos como o conforto da suspensão, cujo desenho garante a absorção das irregularidades do piso sem necessidade de recorrer a sistemas pneumáticos que outros propõem.
A direcção é rápida e precisa e a qualidade do chassis é uma mais-valia em termos de estabilidade direccional. Mas um chassis deste gabarito ultrapassa as exigências do motor 2.0 de 180 cv. O bloco é honesto mas falta-lhe mais genica.
É ideal para manter velocidades de cruzeiro elevadas ou para passear, mas não tem a alma necessária para uma condução mais agressiva em estradas secundárias, apesar da qualidade da caixa automática de oito velocidades, que não consegue disfarçar os consumos quando se adopta uma condução mais dinâmica. Mesmo assim, é possível realizar médias abaixo dos 7 litros/100 km.
Para quem quiser mais dinamismo, a Jaguar tem alternativas e nem é necessário pensar no bloco de seis cilindros. Com o 25d de 240 cv, a música é outra...
EM CONCLUSÃO. O carácter familiar de um modelo com um chassis excelente e um bom comportamento dinâmico são atributos do Jaguar XF 2.0d de 180 cv. Mas esta versão está mais virada para quem gosta de conduzir sem pressas, desfrutando do conforto da viagem. Se é disso que gosta, fica bem servido. Se olhar para a tradição desportiva inerente ao ADN da marca britânica, pense numa motorização mais "apimentada"...
Ficha Técnica
Motor
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2.0d Turbo
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Cilindrada (cc)
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1 999
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Potência máxima (cv/rpm)
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180/4 000
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Binário máximo (Nm/rpm)
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430/1 750-2 500
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Velocidade máxima (km/h)
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229
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0 a 100 km/h (s)
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8,1
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Consumo médio (l/100 km)
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4,3
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Emissões CO2 (g/km)
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114
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Preço desde (€)
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60 224
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+ CHASSIS. O chassis garante um excelente comportamento dinâmico sem que isso belisque o conforto oferecido pela suspensão.
- POTÊNCIA. A dinâmica do XF merece mais do que os 180 cv do motor 20d. Com o 25d de 240 cv a conversa é totalmente diferente...