O Stinger está a chegar a Portugal e posiciona a Kia num universo diferente daquele em que estamos habituados a ver as propostas da marca sul-coreana. Este "falso coupé", com 4,83 metros de comprimento, tem uma volumetria superior à proposta do Audi A4, BMW Serie 3 e Mercedes Classe C, modelos do segmento premium.
DESIGN. "Penso que, para a Kia, o Stinger é algo de especial, porque ninguém esperava um carro com estas características, não só pela sua aparência, mas também pela forma como se guia", afirmou há algum tempo Albert Biermann, que trocou a M-Division da BMW pelo Grupo Hyundai.
O desenho nasceu no Centro de Estilo da Kia na Europa sob a batuta de Gregory Guillame. A carroçaria de quatro portas tem um estilo coupé. Mede 4,83 metros de comprimento, 1,86 de largura e 1,4 de altura, o que equivale a dizer que é mais volumoso do que o Audi A4, o BMW Serie 3 ou o Mercedes Classe C. A distância entre-eixos (2,96 metros) também é maior, o que paga dividendos em termos de habitabilidade. Como curiosidade, refira que, sendo uma proposta diferente do Kia Optima, tem dimensões semelhantes.
O design alia o estilo característico da Kia, sublinhado pela grelha dianteira, com um carácter desportivo marcado pelos detalhes que vão dos faróis LEDS à eficácia aerodinâmica, para já não falar na altura reduzida do tejadilho com uma curva descendente. É uma excelente opção no campo da forma, mas condiciona um pouco a acessibilidade aos bancos traseiros.
HABITÁCULO. O interior tem um aspecto sóbrio, para não dizer austero. É certo que há uma evolução importante ao nível da qualidade dos materiais face aos restantes modelos da marca, mas também é verdade que ainda há muitos plásticos que deviam ter ficado fora desta proposta. Os forros e estofos em "nappa leather" seguem uma tendência do momento, mas têm um toque algo "sintético".
O painel de instrumentos digital tem uma imagem analógica, com o velocímetro e o conta-rotações nos extremos e as diversas informações do computador de bordo a meio.
Depois, e de acordo com o nível de equipamento, temos o "head up display" e o ecrã central de oito polegadas, com comandos e informações que não são muito diferentes das que encontrámos no
Hyundai i30 N, que vão da navegação e info-entretenimento (ligações Android e Apple Car Play), até às forças "G" (na versão mais desportiva), para já não falar nos modos de condução com cinco opções.
Há espaço suficiente para quatro adultos, desde que os ocupantes dos bancos traseiros não sejam calmeirões, mas o lugar central traseiro é fictício a não ser para uma criança, mas mesmo ela não vai gostar do estofo mais duro do que os restantes, para já não falar na presença do volumoso túnel da transmissão.
A bagageira com 406 litros é interessante, mas está longe de ser uma referência no segmento. Talvez se esperasse mais num modelo com esta volumetria, mas a forma da carroçaria condiciona o espaço disponível.
MOTOR/TRANSMISSÃO. O Stinger oferece três propostas no campo dos motores: dois gasolina e um diesel, exclusivo para o mercado europeu. O diesel tem 2,2 litros de cilindrada e debita 200 cv e é a grande aposta da marca no mercado nacional. O 2.0 turbo a gasolina de 256 cv só está disponível por encomenda e a "cereja em cima do bolo" chamado Stinger – o 3.3 V6 de 375 cv – entra no campo do sonho, porque as performances são tão impressionantes como o preço (ver tabela).
Qualquer destes motores está associado a uma caixa automática de oito velocidades, mas a tracção pode ser às rodas traseiras, com um autoblocante gerido electronicamente como parte do equipamento de série, ou integral permanente, com um sistema de controle de tracção específico.
O condutor pode optar por um de cinco modos de condução: "SMART", deixando à electrónica a decisão de todas as opções, é o modo "não me comprometa"; "ECO", para quem quanto menos consumo, melhor; "COMFORT", para quem pensa na família; "SPORT", para o prazer da condução; e "SPORT +" para os mais radicais, capazes de prescindirem das ajudas electrónicas à condução. Estes modos actuam ao nível da direcção e da resposta dos amortecedores, mas também da transmissão e do motor, para já não falar do som dos escapes.
AO VOLANTE. Tivemos um brevíssimo contacto com o diesel de 2.2 litros CRDI de 200 cv. Gostámos da sua capacidade em manter velocidades elevadas em auto-estrada, aplaudimos a agilidade do motor, o bom desempenho da caixa de velocidades e o comportamento da suspensão em estradas sinuosas, onde garante o conforto sem condicionar a estabilidade direccional.
Mas já não gostámos tanto dos ruídos aerodinâmicos nos vidros traseiros, nem da insonorização. Quando "as coisas acontecem", a alto regime, o motor fala demasiado alto e isso mostra que a Kia poderia ter ido mais longe no campo da insonorização desta proposta diesel, porque se "sabe bem" ouvir o cantar de um gasolina, os motores a gasóleo não têm dotes canoros...
FICHA TÉCNICA
Motor
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2.2 CRDI
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2.0T GDI
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3.3 V6 GDI
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Cilindrada (cc)
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2.199
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1.999
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3.342
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Potência máxima (cv/rpm)
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200/4.500
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255/6.200
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370/6.000
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Binário máximo (Nm/rpm)
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440/1.750
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353/1.400
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510/1.300
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Velocidade máxima (km/h)
|
230
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240
|
270
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0 a 100 km/h (s)
|
7,6
|
6,0
|
4,9
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Consumo médio (l/100 km)
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5,6
|
8,3
|
10,6
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Emissões CO2
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144
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190
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244
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Preço desde (€)
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57.650*
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55.650*
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80.150*
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(*) Inclui incentivos da campanha de lançamento para as versões de tracção traseira.
+ INOVAÇÃO. A evolução da marca é evidente em cada um dos novos modelos apresentados e este Stinger abre novos horizontes para a Kia em mercados onde o peso da imagem "Premium" não é tão evidente.
- A REVER. Há pontos a melhorar aos nível da qualidade dos materiais do habitáculo e na insonorização do habitáculo.