A história recente da indústria automóvel diz-nos que para os construtores a solução é quase sempre aumentar a potência para criar modelos mais rápidos e mais agressivos, sobretudo os desportivos. Mas ainda há marcas que não pensam assim e a Caterham é uma delas. Tivemos oportunidade de conduzir o Caterham Seven 485R e de perceber que potência não é tudo. O segredo está na forma como a aproveitamos. E nisso este 485R é exímio.
O Caterham 485R é muito mais do que um automóvel, é uma experiência, daquelas que duram muitos e bons anos. Tudo começa quando nos sentamos ao volante, algo que só por si já é um desafio. Este modelo conta com bancos desportivos e com cintos de segurança de vários apoios, isto já para não falar de um volante removível e de ausência de ar condicionado ou outro tipo de mordomias. O que isto faz é que mesmo antes de arrancar já estejamos a transpirar. É chato, mas é uma sensação que desaparece no momento em que ligamos o motor e ouvimos o roncar do motor Ford Duratec de 4 cilindros com 2.0 litros de capacidade. E aqui a aventura começa!
Este Caterham é, muito provavelmente, um dos automóveis mais simples que podemos comprar actualmente. Tem um chassis, rodas, pneus, uma suspensão e pouco mais. Não conta com qualquer tecnologia para nos auxiliar, nem mesmo ABS, e depende única e exclusivamente de uma coisa: do condutor!
A primeira coisa que percebemos quando aceleramos neste automóvel é que é um automóvel implacável e que não nos perdoa nada. Se quisermos puxar por ele temos que saber o que estamos a saber, porque se assim não for, vai acabar fora de estrada à saída da primeira curva que fizer.
Ultrapassado este primeiro aviso, o Caterham 485R rapidamente nos mostra ao que vamos. É um automóvel analógico, à moda antiga, e isso faz dele um dos automóveis mais especiais que alguma vez conduzimos. Em automóveis modernos por vezes sentimos que não estamos a fazer nada, que é a tecnologia de ponta que nos segura em curva e nos permite disparar em recta, mas no Caterham é tudo diferente. Somos obrigados a trabalhar (e a transpirar!) e a estar sempre concentrados, sobretudo quando queremos aproveitar todas as suas potencialidades. Mesmo em recta, se acelerarmos a fundo, é difícil mantê-lo controlado.
Mas ultrapassada a curva de aprendizagem deste modelo, conduzi-lo é pouco mais difícil que guiar um kart, ainda que este seja um kart muito potente e com uma relação peso potência de 2,32 kg/cv. A culpa é do motor preparado pela Cosworth e que produz 237 cv de potência e 206 Nm de binário máximo, números que permitem passar dos 0 aos 100 km/h em apenas 3,4 segundos e acelerar até aos 225 km/h.
Poucos automóveis no mercado são tão especiais e divertidos de conduzir como este Caterham 485R, mas atenção, está longe de ser um automóvel para todos. É desconfortável, cheio de ruídos e vibrações, não tem ajudas à condução, rádio ou ar condicionado, mas é tudo isto que faz dele um automóvel diferente e tão apetecível.
É um automóvel simples, com um chassis, rodas, um motor e um volante. Não há espaço para qualquer ajuda electrónica nem para qualquer mordomia. Depende de nós para tudo e isso faz com que se crie uma ligação muito forte (e muito pura!) entre homem e máquina. E acredite, nos dias de hoje isto é algo cada vez mais difícil de sentir.
Ficha Técnica
Motor: 4 cilindros em linha
Preço versão ensaiada: 63 mil euros
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