A Volkswagen anunciou que se vai retirar do Mundial de Ralis já no final desta época (falta uma prova). Não se sabe qual o Ogier/Julien Ingrassia, que este ano garantiu o quarto título mundial de pilotos, nem de Jari-Matti Latvala/Miikka Anttila e Andreas Mikkelsen/ Anders Jæger, mas a marca de Estugarda já admitiu que o projecto do Polo WRC 2017 que tem vindo a desenvolver em milhares de quilómetros de testes, vai dar origem a um modelo mais "light" da categoria R5, que será vendido a equipas privadas a partir de 2018.
Polo WRC 2017 já estava na fase final dos testes
A decisão drástica foi tomada na sequência do escândalo "Dieselgate" que tem abanado todo o Grupo VW e que já levara a marca "irmã" Audi a desistir do programa de Le Mans. Ironicamente, foi na manhã do chamado dia de Finados que a conselho de administração do Grupo tomou a decisão inapelável de retirar a marca do Mundial de Ralis e que deverá ser tornada pública durante o dia de hoje. Ainda se pensou que pudesse dar uma extensão de um ano só para aproveitar o longo desenvolvimento do Polo WRC 2017 – que até já anunciara que se iria designar Polo GTI –, mas o "machado" caiu de forma seca sobre um dos programas de maior sucesso no desporto automóvel mundial: o Rali da Austrália, de 17 a 20 de Novembro, será a última prova da VW no Mundial de Ralis…
A decisão está directamente relacionada com o "Dieselgate", o escândalo dos motores Diesel com um "software" que manipulava as emissões no momento em que eram sujeitos a testes. E que, só nos Estados Unidos, já fez a "conta" da VW disparar para além dos 15 mil milhões de euros, entre a retoma de 500 mil veículos e a reparação de outros, faltando ainda contabilizar o que se passará no resto do Mundo…
Mais que uma questão de poupança – os custos elevados da equipa de ralis são uma "migalha" quando se fala de verbas daquela ordem –, o que estava em causa era uma questão de imagem, de continuar a ter a VW a festejar num desporto considerado poluente… Não se sabem números do budget do programa WRC, mas no caso da Audi, que também abandonou o programa de Le Mans e da Resistência (após 18 anos e 13 vitórias em Le Mans), fala-se em números na casa dos 300 milhões de euros/ano. Por isso a marca de Ingolstadt passou a 100% para a Fórmula E, já na próxima época.
O mais lamentável de tudo isto é que o Mundial de Ralis perderá um construtor – ficará apenas com a Hyundai e a Ford, mais as regressadas Citroën e Toyota – e nunca veremos em acção o espectacular Polo de 2017. Porque a VW não o irá entregar a equipas privadas, sendo por isso um projecto morto à nascença, apesar dos milhares de quilómetros de testes de desenvolvimento (alguns em Portugal), não só pelas mãos dos pilotos da VW mas também do veterano Marcus Grönholm.
As 200 pessoas da VW Motorsport serão alocadas a outros programas da marca, como a assistência às equipas cliente no campeonato de velocidade TCR ou, eventualmente, às actividades desportivas da Skoda. Quanto aos pilotos – Sebastien Ogier, Jari-Matti Latvala e Andreas Mikelsen – ficam sem volante, numa altura em que as equipas para 2017 estão praticamente fechadas. A Citroën já anunciou os seus três pilotos mas há-de tentar um esforço para "encaixar" Ogier que também poderá tentar um ano na Ford. Afinal… quem não quer um tetracampeão do Mundo?!
A Volkswagen teve quatro temporadas no Mundial de Ralis verdadeiramente dominadoras com o Polo R WRC, conquistando todos os títulos entre 2013 e 2016 e coleccionando 42 vitórias. Mas há um número ainda mais impressionante: até agora (porque ainda falta uma prova), das 980 classificativas que cumpriu venceu 621!