...A resposta pode valer muito dinheiro nas casa de apostas, mas não é linear.
À partida tudo indica que a
Peugeot possa reeditar o triunfo do ano passado, tanto mais que tem tudo do seu lado: dinheiro, estrutura, logística e, graças ao passar do tempo, a experiência que lhe faltou há dois anos atrás. Mas, como há sempre um "mas", não há vencedores antecipados e se a equipa francesa tem tudo para garantir que as coisas correm bem, também tem fragilidades.
Em 2016 não ganhou de forma folgada e a supremacia do 3008 DKR face à concorrência não é tão evidente como aconteceu noutros tempos, com outros carros. O lote de pilotos da Peugeot pode ser uma galeria de estrelas, mas não é homogénea. Ninguém pode duvidar da rapidez de Sébastien Loeb, mas o Dakar é uma maratona e não uma prova de sprint; Carlos Sainz é um veterano, mas sempre mostrou que é capaz do melhor e do pior; Cyril Després ainda não provou que pode ser tão competitivo ao volante como era nas motos. Ficamos com o suspeito dos costume: Stephane Peterhansel, o veterano, que venceu no ano passado, uma velha raposa que sabe esperar pela sua oportunidade e não a deixa fugir se ela passar por perto. Será suficiente?...
Mesmo assim, a Peugeot é a equipa a bater, mas a concorrência também tem argumentos de peso...
TOYOTA. Os japoneses perceberam que, face à regulamentação actual, não iam a lado nenhum com a pick up Hilux e operaram uma revolução. Abdicaram da tracção 4x4, que é penalizada pelos regulamentos actuais, apostando numa pick up 4x2.
Com esta opção puderam reduzir o peso de 1 915 kg para 1 300 kg, utilizar pneus de maior diâmetro (940 face a 805 mm), garantir um maior curso da suspensão e a possibilidade de utilizar o sistema de enchimento/vazamento dos pneus comandado do habitáculo, para já não falar de restritores menores na admissão do motor, uma situação muito importante numa prova que se disputa em altitudes onde o ar é mais rarefeito.
As alterações na Hilux passaram também pela redução do centro de gravidade e na optimização da repartição de massas, que ditou um recuo do motor.
Em termos teóricos, a nova pick up da Toyota pode lutar de igual para igual com os Peugeot, mas do lado japonês o lote de pilotos que passa por Nasser Al-Attiyah, Giniel de Villiers e Nani Roma parece mais homogéneo. Qualquer deles já venceu e se Al-Attiyah é um exemplo de determinação, de Villiers é rápido e consistente, enquanto que Nani Roma domina melhor a navegação do que o andamento.
MINI. A Mini é a terceira força a ter em linha de conta, mas não nos podemos esquecer que é uma estrutura mercantilista gerida por Sven Quandt, um homem que ama o Dakar mas que está ali para ganhar dinheiro e os pilotos pagantes são a sua fonte de receita. Sempre foi assim com a X-Raid e continua a ser assim porque a equipa do alemão é a única que pode garantir resultados a quem tiver dinheiro para os pagar.
Por isso, e sobretudo por isso, está longe de reunir os mais habilitados. Não se podem esperar milagres de Yazeed Al Rajhi, porque o piloto da Arábia Saudita não acredita neles, nem do argentino Orlando Terranova, que, mesmo acreditando não parece capaz de os realizar. Por isso, o finlandês Mikko Hirvonen, acompanhado pelo experiente Michel Perin, será a grande incógnita de uma marca que continua a apostar na velha fórmula da tracção total que lhe valeu quatro vitórias entre 2012 e 2015. Resta saber se os 4x4 ainda podem ser ganhadores…