A Peugeot já soma seis participações de forma oficial no Dakar, com cinco vitória absolutas e 56 triunfos em etapa e desde a sua primeira participação, em 1987, a marca do leão afirmou-se como protagonista nesta mítica prova.
No total já são mais de 48.125 km somados em África, entre 1987 e 1990, e mais 18.994 km somados nas edições de 2015 e 2016, na América do Sul. São muitos os momentos históricos que permanecem na memória dos aficionados, protagonizados pelos Peugeot 205 Turbo, 405 Turbo e 2008 DKR.
E o que dizer de nomes lendários que já fizeram parte das equipas da Peugeot no Dakar? Desde Jean Todt a Carlos Sainz, passando por Ari Vatanen, Jacky Ickx, Juha Kankkunen, Stephane Peterhansel e Sébastien Loeb, todos ajudaram a criar a história que a marca francesa soma no Dakar.
1987. Esta história arrancou no dia 1 de Janeiro de 1987 na "Place d’Armes" em Paris, local da saída para a sétima edição do Dakar, denominado "Paris-Argel-Dakar". Foi a primeira participação oficial da Peugeot e a estreia na prova de Ari Vatanen (com Bernard Grioux como co-piloto), ao volante de um Peugeot 205 Turbo 16 com o número 205. As duplas Mehta-Toughty e Zanussi-Arena completavam a equipa.
As coisas não começaram bem, com Vatanen a sofrer um acidente no prólogo e a cair para a posição 274 na geral.
Ari Vatanen teve outro grande susto na décima terceira etapa, mas depois de 12.874 km por França, Argélia, Níger, Mali, Mauritânia e Senegal chegou em primeiro lugar ao Lago Rosa de Dakar. Zaniroli-Lopes (Range Rover) e Shinozuka-Fenouil (Mitsubishi) ocuparam os restantes lugares do pódio. Nesta edição a Peugeot venceu 10 etapas, seis delas graças a Shekhar Mehta.
1988. A edição do Rali Dakar de 1988 será para sempre recordada por dois motivos: a dureza do percurso (dos 603 participantes que começaram apenas 151 acabaram a prova) e o roubo do carro do líder da prova nessa altura, Ari Vatanen, que acabou com a sua desclassificação.
A Peugeot alinhou com os 205 e 405 Turbo 16, conduzidos pelas dulpas Vatanen-Berglund, Kankkunen-Piironen, Pescarolo-Fourticq e Ambrosino-Guehennec. Vatanen liderou praticamente toda a prova até que o seu veículo foi roubado em Bamako, capital do Mali.
O carro acabou por ser recuperado mas o finlandês chegou atrasado ao "check-out" e acabou por ser desclassificado.
Isso garantiu a liderança a Juha Kankkunen-Piironen, que chegaram vitoriosos ao Lago Rosa, deixando para trás as duplas Shinozuka-Magne (Mitsubishi) e Tambay-Lamoyne (Range Rover). No total foram percorridos 12.874 km (6.605 dos quais em especiais), sendo que os Peugeot ganharam 9 das 20 etapas do percurso.
1989. Na décima primeira edição a prova passou a chamar-se "Paris-Tunes-Dakar" e estendeu-se ao longo de 10.831 km, passando por França, Tunísia, Líbia, Níger, Mali, Guiné e Senegal. A marca do leão fez alinhar dois 405 Turbo 16 (Vatanen-Berger e Ickx-Tarin) e dois 205 Turbo 16 (Fréquelin-Fenoui e Wambergue-Guéhennec). Mas o mais importante era a inovação que estes carros apresentavam: sistemas de navegação inspirados na tecnologia usada pelos aviões.
Ari Vatanen voltou a sofrer um revés no prólogo, mas rapidamente recuperou e assumiu as primeiras posições. Na terceira etapa, a Peugeot conseguiu ocupar as três primeiras posições e a partir desse momento viveu-se um duelo electrizante entre Ickx e Vatanen, que voavam pelos desertos num ritmo que deixava antever que se nada fosse feito, nenhum ia chegar ao final.
Essa rivalidade levou a que Jean Todt, director da equipa da Peugeot, tomasse medidas no mínimo… curiosas. A sua proposta foi decidir qual dos pilotos devia ganhar o Dakar através do "jogo" cara ou coroa, com uma moeda de 10 francos. A "sorte" calhou a Ari Vatanen, que escolheu coroa.
Mas a tensão entre os dois não acabou nesse dia. É que na penúltima etapa Ickx assumiu a liderança por um erro de navegação de Vatanen, que no dia seguinte conseguiu recuperar a sua posição e cruzar a meta em primeiro lugar. A Peugeot somou 13 vitórias de etapa num total de 17 e o 405 subiu pela primeira vez ao lugar mais alto do pódio.
1990. Nesta edição a Peugeot não deu qualquer tipo de margem à concorrência, "reservando" o pódio final com três dos seus carros, resultado de 15 triunfos nas 20 etapas especiais da prova. Foi o "Paris-Tripoli-Dakar" de 1990, que se estendeu ao longo de 11.420 km de distância ao longo de França, Libia, Níger, Chad, Mali, Mauritânia e Senegal.
Era a segunda vitória consecutiva de Ari Vatanen (que também viria a vencer em 1991, ao volante de um Citroën ZX), e o fim de ciclo da Peugeot, que direccionou a sua atenção dentro do automobilismo para a resistência, sobretudo para Le Mans.
2015. Em Março de 2014 saía a notícia de que a Peugeot tinha anunciado o regresso ao Dakar, 25 anos depois da sua última participação. Era apresentado o novo 2006 DKR e uma formação de pilotos com (muitas!) provas dadas, composta por Carlos Sainz, Stéphane Peterhansel e Cyril Despres.
A Peugeot desenhou um carro bastante inovador, de duas rodas motrizes e um bloco turbodiesel de 3.0 litros V6 que debitava 340 cv de potência e 800 Nm de binário máximo.
A equipa oficial da Peugeot participou no Dakar 2015 "Argentina, Bolívia e Chile" e ainda que os resultados não tenham sido os esperados (o grande vencedor foi Nasser Al-Attiyah ao volante de um MINI), foi uma temporada que serviu de aprendizagem. A melhor dupla das três foi Peterhansel-Cottret, que acabaram na décima primeira posição na geral.
2016. Em 2016, a equipa Peugeot apostou tudo na 37ª edição do Dakar, denominada "Argentina Bolívia". Apresentou uma evolução do 2008 DKR que tinha mostrado em 2015 e somou mais dois pilotos à sua equipa: Sébastien Loeb e Romain Dumas.
Depois da primeira etapa ter sido cancelada, Loeb ganhou a segunda e a terceira, colocando-se na liderança da prova. Na quarta etapa o grande vencedor foi Stéphane Peterhansel, que começava a ganhar terreno. Na jornada seguinte, foi alcançada a altura máxima num Dakar (4 580 metros) e a Peugeot voltou a dominar, com um "triplete" de Loeb, Peterhansel e Sainz, que também ocupavam as três primeiras posições da geral (por esta mesma ordem).
A luta pela vitória final parecia estar reservada entre estes três nomes, mas o Dakar guarda sempre surpresas e Loeb capotou na oitava etapa e perdeu todas as hipóteses. Na nona etapa Carlos Sainz deu um recital e assumiu a liderança, mas essa alegria durou pouco, já que na jornada seguinte foi obrigado a abandonar com um problema mecânico.
Desde esse momento, Peterhansel liderou até final, conquistando o quinto triunfo da Peugeot no Dakar. A marca do leão conseguiu vencer nove das doze etapas disputadas, deixando toda a concorrência para trás.
Agora, e numa altura em que faltam poucos dias para o Dakar de 2017 arrancar – dia 1 de Janeiro de 2017 -, em Asunción, no Paraguai, a Peugeot parte novamente com aspirações à vitória final da prova, tal como a Toyota e a
Mini.
A marca francesa vai defender a vitória alcançada na edição anterior e vai alinhar quatro carros de um novo modelo,
o 3008 DKR. Resta saber se esta "máquina" vai conseguir repetir os feitos do 2008 DKR e conquistar o sexto triunfo para a marca do leão.