Nenhuma outra marca venceu tantas vezes as 24 Horas de Le Mans como a Porsche, 18 vezes. A primeira vitória surgiu em 1970 e desde então a marca de Estugarda já somou outros 17 triunfos na mítica prova francesa.
A "máquina" mais impressionante, ou pelo menos a mais ganhadora, é o Porsche 956, já que se sagrou tetracampeão ao vencer a prova de resistência em 1982, 1983, 1984 e 1985. Logo depois surgem dois tricampeões, 936 e 962 C, que venceram em 1976, 1977, 1981 e 1986, 1987 e 1994 respectivamente.
Por fim, importa destacar o 919 HYBRID com que a Porsche compete actualmente e que já está às portas de um lugar na história da marca. Depois de vencer em 2015 e 2016, o 919 procura este ano novo triunfo que lhe dê o "tri".
Mas a história da Porsche em Le Mans não se conta só com estes carros, por isso reunimos os automóveis que garantiram os 18 triunfos à marca alemã.
O protagonista fo filme "Le Mans", com Steve McQueen ao volante, era um protótipo com menos de um metro de altura e com um impressionante motor de 12 cilindros boxer de 4.5 litros.
Foi criado para participar no Campeonato do Mundo de Construtores daquela época e para lutar pela vitória nas 24 Horas de Le Mans. E assim foi, uma vez que acabaria não só por dominar a corrida desse ano mas também a edição do ano seguinte.
Porsche 936, vencedor em 1976, 1977 e 1981
Depois de bons resultados com os 908 de motor turbo, em 1975, a Porsche decidiu criar um novo protótipo, o Porsche 936 de 197, para participar nas provas de resistência e em Le Mans. O 936 contava com o motor do Porsche 935, do Grupo 5, um carro de categoria GT baseado num Porsche 911. Tinha um bloco de seis cilindros bóer em alumínio e só tinha 2.142 cc de cilindrada.
Só foram produzidos três chassis deste carro e curiosamente um venceu Le Mans em 1976, outro em 1977 e o terceiro em 1981, sendo que nas três ocasiões o belga Jackie Ickx estava ao volante.
O Porsche 935 foi criado em 1976 para competir no Mundial de Marcas da FIA. Os 935 eram facilmente reconhecidos pela sua largura e pela grande asa traseira, sendo que contava com um motor seis cilindros bóer turbo de 3.0 litros que debitava cerca de 600 cv.
Durante a segunda metade dos anos 70 e princípio dos anos 80, o 935 dominou as corridas de resistência em todo o mundo. Mas sempre teve dificuldades em Le Mans, já que não era fácil competir contra os protótipos. Em 1979 participaram 15 unidades do 935 em Le Mans e três deles ocuparam o pódio, com o 935 K3 da equipa Kremer a ocupar a primeira posição.
Porsche 956, vencedor em 1982, 1983, 1984 e 1985
A nova categoria Grupo C significou o começo de uma segunda idade de ouro do Campeonato do Mundo de Resistência e das 24 Horas de Le Mans. E para esta categoria a Porsche criou o 956, que acabaria por garantir não só um lugar na história da marca alemã como da prova francesa em si, já que venceu Le Mans nas quatro temporadas em que esteve no activo.
Um dos seus grandes trunfos era o motor de seis cilindros bóxer turbo de 2.65 litros que rendia 630 cv e um baixo consumo de combustível. Em 1982, três 956 acabariam por ocupar os três postos do pódio pela mesma ordem dos seus dorsais, com o número 1 de Ickx e Bell na primeira posição.
O êxito da temporada de 1982 fez com que todas as equipas privadas quisessem um 956 e como tal, na meta da edição de 1983, os 956 ocuparam as primeiras oito posições.
Em 1985 conseguiu o seu primeiro pódio em Le Mans e de seguida conseguiu vencer todo o tipo de provas, desde as 24 Horas de Daytona até às 12 Horas de Sebring. Só ficava a faltar o triunfo em Le Mans, que acabaria por chegar em 1986. E fê-lo logo com uma dobradinha, já que no ano seguinte também acabaria por vencer.
O Porsche 962C continuou a competir e a ganhar campeonatos e provas de resistência até finais da década de 80. Mas ainda tinha mais um troféu para vencer em Le Mans. Foi em 1994, dez anos depois de ter sido criado.
WSC Spyder, vencedor em 1996 e 1997
Com o desaparecimento dos protótipos do Grupo C, a Porsche virou atenções para o desenvolvimento de carros para as categorias GT2 e GT1. Em paralelo, em meados dos anos 90 juntou-se à TWR para criar um veículo aberto dentro da classe LMP1, reservada a protótipos. O chassis da TWR recebeu um motor de seis cilindros bóxer biturbo refrigerado por água (derivado do 962C), que devia às restrições debitava 580 cv.
O resultado não podia ser melhor e desta combinação surgiram duas vitórias em dois anos seguidos das 24 Horas de Le Mans, entre elas a primeira vitória de Tom Kristensen (1997), que acabaria por vencer a mítica prova francesa por mais oito ocasiões.
A categoria de LM GT1 estava reservada a desportivos de produção muito evoluídos e dos quais tinham sido construídas 25 unidades, sendo que pelo menos uma tinha de estar homologada para poder circular na estrada. A Porsche tirou o máximo proveito desta regulamentação e criou o 911 GT1 em 1996.
Foi o primeiro Porsche 911 com motor central da história, mas não foi o último, já que na actual temporada de 2017 o Porsche 911 RSR de competição voltou a adoptar esta solução.
O motor era uma evolução do bloco usado no Porsche 962C, ainda que tenha sido melhorado para aumentar a eficiência e para que pudesse respeitar as normas desta categoria. Estamos a falar de um seis cilindros bóxer biturbo de 3.2 litros que debitava 600 cv de potência.
A estreia do 911 GT1 em Le Mans aconteceu em 1996, mas a vitória em Le Sarthe só chegou em 1998, com versão GT1-98, que tinha uma carroçaria mais próxima a um protótipo, ainda que tenha tido a sua obrigatória versão de estrada. Foi a 16ª vitória da fabricante de Estugarda nas 24 Horas de Le Mans.
Depois de mais de 10 anos sem um Porsche a lutar pela vitória em Le Mans, a marca de Estugarda olhou para a chegada dos protótipos LMP1 híbridos como o desafio ideal para voltar a criar um carro capaz e vencer em Le Sarthe.
E depois de anuncia o seu regresso em Junho de 2012, a Porsche começou a preparar a temporada de 2014, dezasseis anos depois da última participação em Le Mans de forma oficial. E para este regresso a Porsche criou o 919 Hybrid, com um compasso motor de quatro cilindros de 2.0 litros turbo, que impulsiona as rodas traseiras, e um potente motor eléctrico que "alimenta" as rodas dianteiras.
Em 2014 o 919 acabaria por ficar no quarto posto em Le Mans, conquistando seis pódios e uma vitória no Campeonato do Mundo de Resistência da FIA. O novo 919 Hybrid esteve muito próximo de triunfar na estreia em Le Mans, mas um problema mecânico a duas horas do final, quando o carro de Mark Webber liderava, acabou com o sonho da Porsche.
Em 2015 a Porsche procurou desenhar um carro mais leve e eficiente, que se "encaixou" na subclasse de 8 megajoules, onde é possível usar mais energia eléctrica e reduzir o consumo de combustível por volta.
E isso acabaria por dar frutos, já que a Porsche acabaria por voltar ao lugar mais alto de Le Mans, com o 919 Hybrid número 19 pilotado por Earl Bambe, Nico Hulkenberg e Nick Tandy. A mesma "receita" acabaria por dar nova vitória em 2016, com a Porsche a chegar aos 18 triunfos nas 24 Horas de Le Mans.
Resta agora saber se este 919 Hybrid vai voltar a vencer no próximo fim-de-semana e com isso garantir não só uma terceira vitória consecutiva em Le Mans como também um lugar na história de uma das corridas mais durados do mundo.