Lewis Hamilton sabia que podia vencer em Silverstone e fazer do seu G.P. da Grã-Bretanha um ponto de viragem para recuperar pontos no Mundial, mas nem nos seus melhores sonhos devia esperar sair da prova que marca o final da primeira metade do campeonato a… um ponto de distância de Sebastian Vettel! Além da forma esmagadora como dominou a corrida, tudo o resto lhe correu na perfeição!
Ao longo de todo o fim-de-semana Hamilton esteve num outo patamar, é o factor Silverstone que sempre funcionou tão bem com o piloto da Mercedes. Hoje igualou a lenda Jim Clark ao conseguir a quarta vitória consecutiva e novamente Clark e Alain Prost como os únicos com cinco triunfos na corrida britânica. Com mais um "grand slam" ("pole", vitória, volta mais rápida com novo recorde e todas as voltas no comando)! Mas depois há um outro lado inexplicável daquela pista o recompensar com uma série de acontecimentos inesperados, como sucedeu hoje, em que o fim prematuro de um pneu do Ferrari de Vettel, a duas voltas do final, despromoveu o alemão de 4.º a 7.º, com um custo de 6 pontos…
Hamilton fez um arranque perfeito e segurou tranquilamente o comando, enquanto atrás de si a guerra era tremenda com Raikkonen involuntariamente a causar momentos emotivos: com um mau arranque, Vettel fora surpreendido por Verstappen, mas recuperara o 3.º lugar por o holandês ficar preso atrás de Raikkonen; mas aconteceu-lhe o mesmo na curva seguinte e Vestappen não perdeu a chance de recuperar o 3.º posto. Bottas, mesmo com pneus macios, voltou a arrancar muito bem, subindo duas posições e iniciando a sua missão de recuperar posições.
O "safety car" foi chamado ainda a 1.ª volta não tinha terminado após mais um incidente com Daniil Kvyat a sair de pista e… a abalroar o colega na Toro Rosso, Carlos Sainz! Não admira que o espanhol queira sair dali rapidamente… Quando a corrida se reiniciou, Hamilton "desapareceu" na frente para ficar a controlar com toda a calma a sua prova, pois Raikkonen não o conseguia acompanhar.
Já atrás dele… era o diabo! A luta entre Verstappen e Vettel, primeiro com uma pequena distância, depois "corpo-a-corpo", foi um dos pontos mais altos deste Grande Prémio, em especial a tentativa de ultrapassagem no final da longa recta de Hangar, na travagem para Stowe. Foi mais "wrestling" que F1, os dois carros chegaram a estar roda com roda… para lá dos limites da pista! Uma luta musculada ente dois grandes pilotos, mas sem que nenhum se possa queixar de desonestidade por parte do outro. Queremos é mais disto!! Vettel percebeu que na pista seria difícil tratar do irredutível holandês, pelo que resolveu o assunto com uma paragem antecipada nas "boxes" que ainda lhe correu melhor pelo problema com a porca de fixação da roda traseira-esquerda do Red Bull…
Quem se estava a divertir "à grande" era Daniel Ricciardo (Red Bull) que tinha largado de penúltimo e passava carros atrás de carros, em todos os pontos da pista … Também Bottas forçava o ritmo com os pneus macios para tentar ganhar terreno a Vettel de forma a, quando parasse para trocar para os mais rápidos supermacios (e com o carro mais leve), poder lançar a caça ao Ferrari.
Foi o que sucedeu, com Bottas a aproximar-se de Vettel e a Ferrari a nada fazer para proteger o alemão até porque, na verdade, Raikkonen foi mais rápido na corrida de hoje e estava cinco segundos à frente… E a nove voltas do fim Bottas estava dentro da zona de DRS para atacar o Ferrari e lançou um primeiro ataque que obrigou Vettel a uma defesa tão no limite que lhe estragou um pneu dianteiro. O finlandês estava aguerrido e não ia desistir, o alemão não se mostrava muito à vontade e… foi logo na volta seguinte, a sete do final.
Bottas foi imediatamente adoptado como o novo "britânico" pela multidão de Silverstone, pois colocava a desvantagem de Hamilton no Mundial em apenas 7 pontos. Havia já pouco tempo para tentar o buscar o 2.º lugar de Raikkonen, mas Bottas ainda fazia a melhor volta da corrida, sem baixar os braços. O seu esforço foi compensado… com o azar de Raikkonen cujo pneu dianteiro se delaminou, obrigando-o a ir à "box".
"O carro esteve bom a corrida toda mas, no final, é uma situação infeliz que teima em perseguir-me…", lamentou o finlandês.
Logo a seguir sucedeu o mesmo no carro de Vettel, com o pneu frente-esquerdo (o que blocou violentamente a defender-se de Bottas…) e muito longe das "boxes". Segundo a Pirelli, o problema foi totalmente diferente do de Raikkonen, o pneu do alemão estava mesmo acabado, devido a "tratamento" que tinha levado e rebentou. E assim perdeu um 4.º lugar que limitava os danos para ficar num 7.º…
"Não se pode dizer que tenha sido desastroso… Tínhamos um bom carro nas curvas, os tavões pegaram fogo antes do arranque o que também não ajudou, houve pequenas coisas aqui e ali que não ajudaram…".
O seu azar foi a sorte de Hamilton que, assim, quase anulou a desvantagem que tinha no Mundial. O britânico deixou os colegas finlandeses de pódio à espera dele na conferência de imprensa enquanto se atirava aos seus fãs para um "crowdsurfing". Hamilton estava nas nuvens!
"Nunca é fácil!... Mas não consigo descrever a sensação ao ver estas bandeiras todas, o apoio foi imenso, a equipa fez um fim-de-semana sem erros e o Valtteri fez um tabalho incrível!", disse, antes de contar a sua prova:
"Arranquei bem, consegui gerir a vantagem para o Kimi e até pudemos alargar o número de voltas previstas antes da paragem. No final podia ver nos ecrãs a corrida do Valtteri e, nas últimas voltas, andei com algum cuidado porque comecei a ter muitas vibrações. Mas, ao cruzar a meta, só me apetecia continuar porque sentia o apoio da multidão!".
Bottas, por seu turno, quase parecia espantado com o 2.º lugar que lhe tinha caído no colo. Mas que tinha sido um prémio merecido pela notável corrida que fizera.
"Só posso estar muito contente! Não foi nada fácil largar de 9.º, havia muitos carros para passar, mas meti a cabeça no trabalho e fui andando. No fim, o problema do Kimi tornou o fim-de-semana perfeito para a equipa". Uma dupla para a Mercedes que aumentou para 55 pontos a sua vantagem no Mundial de Construtores.
Depois do problema na troca de pneus, Verstappen ficou a rodar sozinho, com enorme vantagem – até lhe deu para um "pit stop grátis" – para um excelente Nico Hulkenberg cujo Renault não "passou cartão" a mais nenhum carro do chamado segundo pelotão. Mas problemas de motor no carro mesmo no final (pararia logo após corta a meta) já não lhe permitiram resistir ao fabuloso Ricciardo que ganhou 14 lugares e cujo sorriso "saltava" fora do capacete!
"Não podia ter ficado mais acima, o 5.º lugar era o máximo a que podia aspirar. Foi uma corrida louca, mas foi bem divertida, serviu para tirar algum tempo de TV ao Lewis!", resumiu o australiano, eleito piloto do dia.
Com um excelente arranque, Esteban Ocon passou o colega de equipa Sergio Perez e, desta vez, não houve guerra dento da Force India… Felipe Massa lá voltou a levar o Williams a um lugar pontuável, uma pequena prenda para a comemoração do 40.º aniversário da equipa na F1, enquanto Stoffel Vandoorne… voltou a ficar à porta dos pontos! Classificação:
Pos | Piloto | Equipa | Tempo/Dif. | Box |
1 |
Lewis Hamilton |
Mercedes |
1.21.27,430 h |
1 |
2 |
Valtteri Bottas |
Mercedes |
a 14,063 s |
1 |
3 |
Kimi Räikkönen |
Ferrari |
a 36,570 s |
2 |
4 |
Max Verstappen |
Red Bull |
a 52,125 s |
2 |
5 |
Daniel Ricciardo |
Red Bull |
a 1.05,955 m |
1 |
6 |
Nico Hülkenberg |
Renault |
a 1.08,109 m |
1 |
7 |
Sebastian Vettel |
Ferrari |
a 1.33,989 m |
2 |
8 |
Esteban Ocon |
Force India |
a 1 volta |
1 |
9 |
Sergio Pérez |
Force India |
a 1 volta |
1 |
10 |
Felipe Massa |
Williams |
a 1 volta |
1 |
11 |
Stoffel Vandoorne |
McLaren |
a 1 volta |
1 |
12 |
Kevin Magnussen |
Haas |
a 1 volta |
1 |
13 |
Romain Grosjean |
Haas |
a 1 volta |
2 |
14 |
Marcus Ericsson |
Sauber |
a 1 volta |
1 |
15 |
Daniil Kvyat |
Toro Rosso |
a 1 volta |
3 |
16 |
Lance Stroll |
Williams |
a 1 volta |
2 |
17 |
Pascal Wehrlein |
Sauber |
a 1 volta |
3 |
— |
Fernando Alonso |
McLaren |
Pressão gasolina |
2 |
— |
Carlos Sainz |
Toro Rosso |
Colisão |
0 |
— |
Jolyon Palmer |
Renault |
Pob. hidráulicos |
0 |
É com o Mundial totalmente relançado que a Fórmula 1 se dirige agora para Leste, para o G.P. da Hungria, dento de duas semanas. Será a última prova antes da tradicional paragem das férias de Verão, embora ainda haja F1 nos dias seguintes à corrida do Hungaroring, com mais uma sessão de dois dias de testes.