"Definitivamente não consigo ganhar corridas chatas!", dizia o Daniel Ricciardo, com o seu enorme sorriso. E como estava a ser aborrecido o G.P. da China na sua fase inicial… De repente, tudo virou e tornou-se uma corrida emotiva, cheia de peripécias e uma equipa a subir a um patamar acima de todas as outras. "Não é fácil lembrarmo-nos que a F1 é um desporto de equipa", comentava Christian Horner, director de Red Bull.
No arranque Vettel não facilitou em nada, nem mesmo a vida ao companheiro de equipa que apertou ao ponto de o fazer perder o 2.º lugar para Bottas. Não seria o que a Ferrari queria pois, assim, a corrida ficava relançada, em vez de ter uma dupla de carros vermelhos, com um a permitir que o outro fugisse tranquilamente. Verstappen saía como um "torpedo" e trepava ao 3.º lugar, começando bem uma prova em que… faria lembrar o outro "torpedo-boy", um tal de Kvyat que já não anda na F1!
A Scuderia sacrificou o finlandês para travar Bottas, permitindo que Vettel se voltasse a colar ao Mercedes e parecia que tudo se iria decidir entre estes dois, com Raikkonen a cair muitos lugares quando a sua ajuda deixou de ser necessário. E ninguém dava muito pelos Red Bull, cuja equipa de mecânicos já mostrara a excelência do trabalho ao trocar pneus aos dois carros na mesma volta.
Com os novos pneus, os Red Bull "ganharam asas" e, com o pelotão compacto, ainda assistiram a um inteligente recomeço de Bottas que surpreendeu Vettel, mas depois foi a vez de Ricciardo começar a brilhar, em contraste com Verstappen que não consegue controlar a sofreguidão… O holandês teve de sair de pista para não acertar em Hamilton e, mais tarde, acertou mesmo em Vettel, recebendo 10 s de penalização mas, acima de tudo, interferindo na luta do título, roubando pontos ao alemão na sua "guerra" com Hamilton!
Bottas acaba por sair de Xangai com o sabor mais amargo porque tinha feito tudo na perfeição para comemorar o seu 100.º Grande Prémio com uma vitória. E a Mercedes já viu os seus dois rivais a vencer e continua sem ganhar, ao fim de três corridas… Raikkonen viu o seu sacrifício compensado com a sorte do "safety car" acabar por jogar a seu favor, levando-o ao pódio, à frente de um Hamilton que tem muito em que pensar: fim-de-semana apagado, batido de forma clara por Bottas, muito longe do piloto que sempre conhecemos como candidato ao título…
Excelente 5.º lugar para Nico Hulkenberg, promovido graças aos 10 s de penalização a Verstappen que caiu para 6.º, apenas dois décimos à frente de Fernando Alonso (McLaren) que, com o seu "instinto assassino", ainda passou um pouco "à bruta" um Vettel em grandes dificuldades com os pneus, depois do pião causado pelo holandês da Red Bull. E assim lhe roubou mais dois pontos, reduzindo-lhe a liderança do Mundial a 11 pontos sobre Hamilton (54 contra 45) e a 14 sobre Bottas (40). Dentro de duas semanas haverá mais, com o G.P. do Azerbaijão (este ano mais cedo no calendário) que costuma proporcionar boas e agitadas corridas!