Dakar de 2017 vai ser… uma tourada!

Ainda há quatro dias lhe mostrámos o rejuvenescido carro com que a Mini pretende atacar a próxima edição do Dakar mas, por muito competitivo que seja o carro, o mais certo é não conseguir intrometer-se na discussão da vitória, a decidir entre os "cavalões" da Peugeot e da Toyota. Que aqui se dão a conhecer nas suas cores oficiais… e quase iguais!

À partida, confirmando-se o favoritismo destas duas marcas, já se sabe quem vai ganhar o Dakar de 2017: a marca das latinhas de sumo energético que decidiu jogar nos dois tabuleiros… Assim quase garante que, à chegada a Buenos Aires, depois de longas e duras tiradas, em mais uma edição sul-americana da lendária prova de todo-o-terreno, a festa será feita sob o signo do touro vermelho!

É num Paraguai-Bolívia-Argentina que a Peugeot e a Toyota irão medir forças, com equipas de pilotos extremamente experientes no Dakar, algo que talvez seja o que falta à Mini para se assumir como candidata ao triunfo. A marca francesa vai defender a vitória alcançada no início deste ano, voltando a alinhar quatro carros mas de um novo modelo, o 3008 DKR, cuja decoração oficial foi hoje revelada.

O carro em si já não é totalmente novo, pois estreou-se no Rali de Marrocos, numa espécie de sessão de testes em "tamanho XXL", com Carlos Sainz a terminar no 2.º lugar. A que se seguiram mais alguns milhares de quilómetros de treinos pelas pistas marroquinas, com os quatro pilotos – Stéphane Peterhansel, Carlos Sainz, Cyril Després e Sebastian Loeb – a revezarem-se ao volante.

O 3008 DKR é uma evolução importante do 2008 DKR que venceu este ano, embora mantendo o conceito "buggy", ou seja, um chassis tubular apenas de tracção traseira e um potente motor turbodiesel. Pode ter a desvantagem de ter de montar um restritor de admissão que lhe limita a potência, mas resiste melhor às etapas em altitude (em especial as que se realizam na Bolívia), onde a perda de cavalos é muito menor que a verificada nos motores atmosféricos dos rivais nipónicos…

Porque a Toyota vai manter o seu imponente V8 de cinco litros a gasolina, menos limitado a nível da admissão de ar, mas mais sujeito aos efeitos perniciosos da rarefacção do ar nas etapas em altitude. A Gazoo Racing, "braço armado" para o desporto da marca nipónica, chegou a desenvolver uma "pick-up" Hilux seguindo, tal como a Peugeot, o conceito de "buggy". Ou seja, apenas tracção traseira e um chassis tubular, aproveitando uma redução de peso considerável, estimada em quase 400 kg!

Contudo, isso obrigaria a utilizar um restritor de ar para a admissão muito mais apertado, o que significaria muito menos cavalos. E consta que, depois de experimentar a versão "Hilux buggy", o principal piloto da Toyota, o qatarino Nasser Al-Attiyah, pediu à marca que voltasse atrás nos seus planos e regressasse ao carro do ano passado. Ou seja, a normal "pick-up" Hilux desenvolvida para competição, com tracção às quatro rodas e motor bastante mais potente para compensar o peso bastante maior.

Fazendo-lhe a vontade, a Toyota teve de uniformizar os carros participantes no Dakar, pelo que também o sul-africano Giniel de Villiers alinhará com a Hilux 4x4. Uma dupla temível para os pilotos da Peugeot, já que se trata de dois ex-vencedores do Dakar, Al-Attiyah em 2011 e 2015, De Villiers em 2009. Com carros bem testados, e ainda com o apoio do espanhol Nani Roma numa espécie de papel de assistência rápida, ambos tentarão pressionar os Peugeot para discutirem a vitória no Dakar-2017. Que, atendendo ao patrocínio comum entre os principais candidatos ao triunfo, se transformará… numa enorme tourada!