Stephane Peterhansel "deitou os foguetes" na festa da Peugeot no final de mais uma edição do Dakar. O francês mostrou mais uma vez que, numa maratona, mais importante do que a rapidez é a experiência que aponta o caminho da vitória. E, se dúvidas ainda houvesse, os 13 sucessos do francês (6 em motos) são elucidativos.
"À partida vi seis ou sete pilotos que podiam vencer, mas rapidamente o número ficou reduzido a quatro e na segunda semana apenas ficámos dois: eu e o Seb (Loeb)", admitiu o francês.
"Foi uma luta muito dura e no final acabei por ganhar, mas isso é apenas um pequeno detalhe"...
Esse detalhe significa a experiência de um veterano que aos 52 anos de idade mantém o espírito, a lucidez e sobretudo a rapidez necessária para continuar a somar vitórias.
"Foi um triunfo à margem de qualquer ordem da equipa, apesar do duelo que travámos, e por isso dá para pensar numa 14ª vitória. Porque não?..."
Como é natural, Sebastien Loeb terminou vencido, mas não convencido.
"No ano passado terminei em 9º e este ano fui 2º e é uma evolução notável", afirmou Sebastien Loeb.
"Cometemos vários erros de navegação, mas considerando a complexidade do traçado deste Dakar, até andámos bem e por isso podemos pensar que na próxima edição será melhor... ".
Cyril Després surgiu no terceiro lugar de um pódio Peugeot.
"Foi excelente voltar a estar entre os primeiros, mas não é fácil ter pela frente adversários como Peterhansel e Loeb. Eles não são montanhas, são o o Everest e os Himalaias".
As pick-up Toyota Hilux 4x2 ficaram aquém das expectativas, apesar do bom desempenho inicial de Al-Attiyah, mas o projecto mostrou alguma imaturidade, traduzida no 4º e 5º lugares de Nani Roma e De Villiers, mas sobretudo nas diferenças de 1h 16m 43s e 1h 49m 48s que separaram os dois pilotos do líder da geral. Mesmo assim este projecto tem condições para evoluir, o que não acontece com os Mini.
O 6º lugar de Orlando Terranova (+1h 52m 31s) mostra que, apesar da sua fiabilidade, os modelos da x-Raid foram ultrapassados pela regulamentação e não têm condições para lutar pela vitória num Dakar pensado para os 4x2 da "fórmula buggy".
MOTOS. Se Sam Sunderland conseguiu garantir a sua primeira vitória, a KTM manteve uma invencibilidade que vem desde 2001, assegurando os três primeiros lugares da geral, com o britânico à frente do austríaco Walkner (+32m 00s) e do espanhol Guell Farres (+35m 40s). Talvez seja mais correcto dizer que desta feita não foi a KTM, mas a Honda, que perdeu ao errar na logística de um reabastecimento de combustível que valeu uma hora de penalização a toda a equipa. Sem essa penalização, Bort Barreda (5º da geral) teria ganho e Paulo Gonçalves (6º da geral) teria sido o segundo classificado.
Destaque para o 9º lugar final de Hélder Rodrigues (Yamaha), o 10º de Joaquim Rodrigues (Hero) e o 20º posto de Mário Patrão (KTM). Gonçalo Reis (KTM), Fernando Sousa (KTM), Fausto Mota (Yamaha), Rui Oliveira (Yamaha) e Bianchi Prata (Honda) também terminaram a maratona.
CAMIÕES. A Kamaz garantiu os dois primeiros lugares da geral com Nikolaev/Yakovlev/Rybakov e Sotnikov/Akhmadeev/Leonov, que terminaram separados por 18m 58s, relegando para terceiro lugar o Iveco da equipa De Rooy, que ficou a 41m 19s do líder. Mesmo assim, foi um despique interessante onde os Tatra começaram por marcar o ritmo antes da Kamaz e da Iveco terem assumido a discussão da vitória.