Vale a pena voltar à corrida de Monza para tentarmos perceber como foi possível tão grande volte-face numa corrida que estava destinada a ser dominada por Lewis Hamilton, tão grande tinha sido o seu domínio na qualificação: depois de "dar" quase meio segundo a Nico Rosberg numa volta, parecia não haver dúvida sobre quem ia ser o "rei" do G.P. de Itália…
O alemão avisara, contudo, que ainda teria uma hipótese no arranque e sabia do que falava: este ano já por seis vezes um dos pilotos da Mercedes tinha esbanjado a vantagem de largar da "pole position" com uma péssima partida… e ontem voltou a suceder. Hamilton até reagiu bem, mas o carro demorou muito a ganhar velocidade e foi positivamente engolido por cinco perseguidores.
"Foi na partida que se definiu a vitória, depois só tive de controlar a corrida até final", diria Rosberg, no final de um passeio domingueiro no parque de Monza, tal a superioridade do Mercedes.
Pela sétima vez este ano, um piloto da Mercedes atirava uma "pole" borda fora…
"Temos de ser cuidadosos com as conclusões porque, quando se parte da primeira linha, um mau arranque nota-se muito mais, enquanto um bom não é tão visível", dizia o chefe da equipa, Toto Wolff, antes de revelar:
"O Lewis disse-nos pelo rádio que tinha sido 100% culpa sua o mau arranque, mas pode não ser bem assim, temos de analisar todos os dados. Até porque nesta equipa não temos essa cultura de nos andarmos a culpar uns aos outros, vamos juntar-nos, analisar o que se passou e seguir em frente".
Pois, no final da corrida, o tricampeão do Mundo explicou que não tinha tido responsabilidade na má partida, embora assumisse aquela comunicação:
"Disse-o para tranquilizar os meus engenheiros que sabia que estariam nervosíssimos pelo que tinha sucedido. Mas, na verdade, nem sei o que sucedeu, porque fiz o procedimento todo correcto e tive um enorme patinar de rodas. Já me disseram que não foi erro meu! Continuamos a ter uma certa inconsistência com a embraiagem, já sucedeu com o Nico em Hockenheim e comigo várias vezes este ano".
A superioridade do seu carro era tal que não teve problemas de maior em chegar ao segundo posto.
"Mas logo no arranque percebi que já não teria hipóteses de lutar pela vitória", disse Hamilton. Porque Rosberg, entretanto, já tinha fugido e aberto uma margem de segurança. Os Ferrari, por seu turno, também não constituíam ameaça.
"Os Mercedes são de outro campeonato, mas nós estamos a trabalhar no duro para os apanharmos", prometeu Vettel, vitoriado pelos milhares de "tifosi" que encheram a recta da meta, no final, como se tivesse ganho a corrida!
Apesar da maior diferença de andamentos a que se assistiu este ano entre os Mercedes e os outros, foi um Grande Prémio interessante, com muitos duelos e belíssimas ultrapassagens. Nomeadamente a de Daniel Ricciardo (Red Bull) a roubar o 5.º lugar a Valtteri Bottas (Williams), no final da recta da meta.
Na mais rápida corrida do ano (menos de 1 hora e 18 minutos, à média de 237,5 km/h!), praticamente não houve incidentes. A não ser logo na segunda volta, quando Felipe Nasr não deixou espaço a Jolyon Palmer à saída da primeira chicane, com Sauber e Renault a entrelaçarem as rodas… com mau resultado para ambos e uma penalização de 10 s que o brasileiro cumpriria antes de abandonar.
Monza foi a última corrida europeia, dentro de menos duas semanas já o Mundial de Fórmula 1 estará na sua "tournée" asiática, com Singapura (corrida nocturna), Malásia e Japão. No circuito citadino, as coisas poderão ser bem diferentes: há um ano foi a pior corrida para a Mercedes que nunca andou sequer na luta pela vitória; a Red Bull aguarda ansiosamente pela prova de Marina Bay!