Alonso brilhou em Indianápolis e conquistou os "States"!

Poucos acreditariam sinceramente numa tão rápida adaptação a um mundo tão diferente como o das corridas nas chamadas super ovais, mas Fernando Alonso mostrou o piloto sobredotado que é e não só conseguiu o 5.º melhor tempo na qualificação para as 500 Milhas de Indianápolis como se tornou no novo herói da América!

Com apenas um dia de testes, mais cinco dias de treinos oficiais, o espanhol da McLaren Honda Andretti – que trocou o G.P. do Mónaco por esta experiência na Indy – adaptou-se rapidamente a rodar na oval a velocidades superiores aos 370 km/h e a dominar uma condução muito específica, feita de precisão e… de muita coragem! "Nas primeiras voltas que fiz, no teste, o pé direito parecia que tinha um cérebro próprio…", recordou. "O meu cérebro dizia que a curva se fazia a fundo mas, quando lá chegava, o pé não me obedecia".

Mas rapidamente se ambiente e, este fim-de-semana, nos dias cruciais para a definição da grelha da corrida do próximo domingo, Alonso esteve brilhante! No sábado garantiu o 7.º tempo que o colocou no grupo dos "fast nine", ou seja, os nove pilotos que, no domingo, discutem a "pole position". E ontem ainda melhorou o seu andamento, acabando em 5.º, o que lhe dá o lugar do meio da 2.ª linha da grelha que, em Indianápolis, tem três carros em cada linha.

A qualificação é feita pela média horária de quatro voltas feitas sozinho em pista e Alonso foi um dos quatro a conseguir rodar sempre acima das 231 milhas por hora, terminando com uma média de 231,3 mph, ou seja… 372,2 km/h! "Se apanhei algum susto? Nesta pista em todas as voltas se apanham sustos, por isso apanhei pelo menos quatro!", dizia divertido e apontando as condições de vento que estão sempre a mudar e que tão grande influência têm àquelas velocidades. "Este é o único sítio em que podemos estar duas semanas numa pista com apenas quatro curvas e nunca conseguirmos fazer duas voltas iguais!".

A "pole position" ficou para o neozelandês Scott Dixon (média de 373,6 km/h), seguido do americano Ed Carpenter (372,7 km/h), com os lugares seguintes a caberem à Andretti Autosport, a equipa de Alonso, com o vencedor de 2016, Alexander Rossi (372,4 km/h) e Takuma Sato que foi mais rápido que o espanhol em… 0,065 km/h!

Com a sua actuação fenomenal – igualou a qualificação de estreia de um tal… Jim Clark, em 1963 – Alonso tornou-se no centro das atenções, não tendo mãos a medir na distribuição de autógrafos. "Esta é a maior corrida do Mundo! Senti isso logo na primeira vez que aqui vim, mas o circuito estava vazio. Agora, ver a pista com tantos fãs e todo este ambiente torna tudo ainda mais impressionante". Ou como esta participação pode também ter um enorme peso no aumento de popularidade da F1 nos "States"…

O fim-de semana de qualificações para as 500 Milhas de Indianápolis ficou marcado pelo terrível acidente de Sebastian Bourdais logo no primeiro dia (vídeo abaixo). O francês estava a ser claramente mais rápido que todos os outros nas duas primeiras voltas mas, na curva 2 da terceira, perdeu o controlo do seu carro a 372 km/h. Embateu violentamente no muro, já a 316 km/h, mas num ângulo desfavorável de 45º e sofrendo uma desaceleração brutal de 118 G’s! Sofreu fracturas na bacia e na anca direita, falhando o resto da temporada, em que era um dos candidatos ao título dos IndyCar e à vitória na categoria de GT em Le Mans, com a equipa Ford…


As 500 Milhas de Indianápolis correm-se no próximo domingo, começando pelas 17.15 de Portugal Continental e Madeira, num total de 200 voltas à grande pista oval de cerca de 4 km. Uma corrida fascinante, disputada sempre muito acima dos 350 km/h mas que, ao mesmo tempo, é um autêntico jogo de xadrez de estratégia. Depois do brilharete nos treinos, a dúvida é: conseguirá Alonso ambientar-se a guiar e a lutar àquelas velocidades "corpo-a-corpo" com mais 32 automóveis em pista?! Porque é da vitória que Alonso vai à procura nesta estreia numa das maiores corridas do Mundo!