Stéphane Peterhansel e Jean-Paul Cottret bem podem preparar-se para um desfile triunfal até ao pódio final do Dakar-2017, instalado frente ao Automóvel Clube Argentino, em Buenos Aires! "Monsieur Dakar" terá hoje uma longa tirada de 786 km, em que apenas 64 km serão cronometrados e sem armadilhas dignas desse nome, para consagrar uma vitória arrancada a ferros, depois de um soberbo duelo com o colega de equipa da Peugeot, Sebastian Loeb. O seu 13.º sucesso na mais mítica das provas de todo-o-terreno, entre duas e quatro rodas!
À 13.ª vitória, Peterhansel é cada vez mais "monsieur Dakar"!
Na fase final da prova, Peterhansel e Cottret mostraram toda a sua experiência, com o equilíbrio entre o acerto da navegação na dificílima busca dos "waypoints" que marcou esta edição, com um andamento super rápido e consistente que, aos 51 anos, o francês ainda consegue imprimir. Ontem, dera a volta à prova, passando a liderar com 5.50 m sobre Loeb. Hoje aguentou de forma magistral o contra-ataque do nove vezes campeão do Mundo de ralis!
Numa tirada com dois sectores selectivos passou-se tudo… ao contrário do previsto. Na fase inicial, que incluía cerca de 50 km nas dunas de San Juan, onde se esperava que Peterhansel fosse mais forte, foi Loeb quem surpreendeu com um andamento endiabrado, ganhando 2.56 m ao seu colega de equipa. A liderança de Peterhansel ficava presa por apenas 2.54 m quando faltava o maior sector do dia e em pistas muito mais rolantes, teoricamente favoráveis a Loeb que, de repente, emergia como candidato à vitória.
Num duelo soberbo entre os homens da Peugeot – em especial entre os seus navegadores, uma vez mais com papel crucial! –, Peterhansel seguiu Loeb em marcação cerrada e chegou a passar por ele quando este andava aos círculos à procura de um dos bem escondidos "waypoints" (ver vídeo acima). Aos poucos, o veterano francês ia encurtando a diferença para o seu adversário e consolidando uma bem merecida vitória a que só falta o "carimbo oficial" da derradeira etapa de consagração.
Na sexta-feira 13, Peterhansel garantia a 13.ª vitória no Dakar com uma actuação soberba no segundo sector cronometrado em que não só defendeu a sua vantagem como reduziu o avanço que Loeb conseguira de 2.56 m para escassos 18 s! E assim manteve a liderança, com 5.32 m sobre o outro Peugeot. Cyril Després terminou a etapa apenas com o 6.º tempo, mas o seu 3.º posto é inatacável.
Destaque ainda para um último esforço de Orlando Terranova (Mini) que foi o 3.º mais rápido do dia, ganhando 24 s a Giniel de Villiers (Nissan) e pressionando-o na luta pela 4.ª posição. Contudo, o sul-africano da Nissan tem um avanço de 2.03 m o que, salvo qualquer avaria, será mais que suficiente para a etapa de amanhã.
MOTOS – O dia foi português entre as duas rodas, com Paulo Gonçalves (Honda) a conseguir a sua terceira vitória numa etapa do Dakar, 23.º sucesso luso em tiradas da mítica prova de todo-o-terreno. Gonçalves entrou muito bem logo na primeira fase da etapa, passando melhor que todos os rivais nas dunas de San Juan, terminando-a com 30 s sobre Van Beveren (Yamaha).
No segundo sector cronometrado assistiu-se a um contra-ataque do espanhol Barreda Bort (Honda) que conseguiu recuperar mais de dois minutos ao português que ia controlando o andamento dos adversários, terminando a etapa com 1.09 m sobre Bort, 2.38 m sobre Beveren e 6.04 m sobre Farres Guell (KTM).
Na geral, Paulo Gonçalves ocupa a 6.ª posição, a 52.46 m do britânico Sam Sunderland que andou de forma muito cautelosa pois tem tudo mais que controlado para dar mais uma vitória à KTM no Dakar. Muito à conta do erro crasso da Honda naquele reabastecimento proibido que custou pesadas penalizações aos seus pilotos. Sem elas, Barreda Bort estaria no comando e Gonçalves em 3.º…
Hélder Rodrigues (Yamaha) foi 13.º na etapa e Joaquim Rodrigues (Hero) 14.º, preparando-se para terminarem nos 9.º e 10.º lugares, respectivamente, embora o piloto da moto indiana ainda tenha de defender o seu lugar no "top ten" do boliviano Salvaterra (KTM) que está a apenas 43 s!
Porque a derradeira etapa, amanhã, poderá ser de consagração para muitos, mas ainda terá 64 km ao cronómetro, num total de 786 km, entre Rio Cuatro e o pódio final, em Buenos Aires.